Deve ser difícil quando você alcança um alto nível de excelência artística. Você se inclui em uma lista pequena, respeitada, que uma grande maioria deseja constar, mas... a partir daí, é uma tendência natural que você seja cobrado a ter um desempenho tão bom quanto em trabalhos anteriores, qualquer "fraqueza" pode ser sinal de decadência...
E isto se aplica a quase tudo, desde futebol (olha o caso do Ronaldinho Gaúcho) até literatura ou cinema. É como se houvesse uma OBRIGAÇÃO de ser inteligente, ser mágico, genial, o tempo inteiro.
Isto é uma tremenda sacanagem.
É claro que o cara tem ganhos quando entra nesta lista, mas ele não deixa de ser humano, porra! O cara pode errar, pode acertar, e pode até ser melhor!!! Até porque, 6 amigos, sou da opinião que a chamada "GRANDE ARTE" não permite a um ser humano ser "normal", ter uma vida rotineira, filhos, cervejinha na sexta, almoço de domingo... a "grande arte" exige demais, então, é uma coisa ou outra... por isto defendo que, quem resvala nesta categoria, sem adentrá-la totalmente, ou o tempo inteiro, deve ser louvado por suas conquistas pontuais, e não cobrado como se houvesse assinado um contrato de "gênio".
Tudo isto é apenas uma das minhas introduções prolixas para falar de "Ilha do Medo", último filme do Martin Scorecese, que tem pelo menos uns 5 filmes entre os melhores de todos os tempos.
Não é o caso deste último :)
Eu havia baixado este filme e até esqueci disto, havia lido em algum lugar que era um filme desigual, com bons e péssimos momentos. Uma amiga, ao comentar o que viu, disse que não gostou, depois, conversando, teve uma impressão melhor, mais esclarecida, mas ainda não conseguia definir...
Resolvi dar a chance padrão, nada de expectativa, nada de preconceito, não tenho nada contra o Scorcese em particular, gosto muitissimo do trabalho dele, ajudou a construir o cinema atual, por bem ou mal... mas não me empolgo com ele há tempos.
Bora lá. "Ilha do Medo", baseado em um livro ou conto do Denis Lehane (não gosto!), que não li. Com o Mark Ruffalo (ótimo ator), Ben Kingsley (sempre, no mínimo, competente), Max von Sydow (um monstro de ator!) e Leonardo DiCaprio como o protagonista (já gostei mais, hoje não simpatizo muito, quem mandou fazer Titanic!!!). Além dos grandões, alguns bons atores espalhados aqui e ali como a Emily Mortimer, Patricia Clarkson, Michelle Williams e o, agora, arroz de festa, Jackie Earle Haley (vulgo Rorschach, de Watchmen!).
Eu estava esperando um filme discreto mas, logo de cara, vi que era uma super-produção. Efeitos especiais, câmeras com movimentos ousados e uma tremenda ilha assustadora. Achei que estava vendo um episódio de Lost passado nos anos 50, aquela sensação tátil que algo de terrível vai acontecer, pois tudo que envolve a ilha é assustador.
E o filme começa. Temos DiCraprio e Ruffalo como dois Agentes Federais que foram enviados a uma ilha na costa dos Eua, onde foi instalado um manicômio judiciário para guardar os piores, os mais doidos e cruéis criminosos. A recepção aos agentes é claramente hostil, o que já indica que algo de esquisito está rolando ali. A missão dos agentes? Encontrar uma paciente que sumiu de seu quarto, sem abrir um buraco na parede, sem abrir a porta, sem chamar atenção dos inúmeros enfermeiros e guardas no andar.
Premissa interessante, que me deixou pensando pra que lado o filme iria: terror, suspense psicológico, trama depravada-sexual-médica, ou "não é nada disto que vocês estão pensando"?
Eu fiquei olhando a tela, reparando na duração do filme (mais de 2 horas!), e torcendo: "por favor, não seja ´não é nada disto que vocês estão pensando' !!!"
Mas, se era ou não, eu só descobri no final, e é o que vocês, meus 6 leitores, vão ter que fazer também.
Só que darei opiniões tangentes, para que sintam se vale a pena ver.
1 - Grande produção, roteiro ambicioso;
2 - Atuações muito boas, atores maravilhosos;
3 - O tema explorado é assustador por natureza, afinal, se ficamos horrorizados com o casal Nardoni, imagine que eles são fichinha perto dos detentos que existem em certos locais. Gente que habita uma área da mente humana muito distante do nosso cotidiano. E o filme ressalta isto, confesso que me assustei em alguns instantes, pois a loucura não é coisa que se brinque, e os verdadeiros monstros são os reais!
4 - O pano de fundo do personagem principal, envolvendo o nazismo, me pareceu não muito bem construído, quase como se fosse um macguffin hitchcockiano gigantesco ("olha, a gente tem que criar um passado pro cara, um horrível! Ja sei, soldados e nazismo!");
5 - Não gostei nadinha da definição da história, tenho absoluta certeza que, se eu tivesse paciência, iria encontrar mais furos do que existem no olho do Campello... mas nunca mais vou ver este filme. Não porque seja horrível, mas porque não tem relevância, a não ser estética, que nem é tanta... :)
6- O roteiro se revela como ruim.
6- O roteiro se revela como ruim.
Mas vejam o filme, lembrem que eu não bato bem, que tenho TPM masculina, que às vezes esqueço de tomar a medicação, que sempre estou envolvido em alguma confusão, então, minha opinião vale tanto quanto a paciência do S. Kastor!
Links, please:
p.s.: o release é um V2 R5, o som é meio estranho no começo, e a compactação de vídeo é ligeiramente esquisita, mas, com o tempo, você nem nota qualquer problema!
Eu assisti no cinema. Fiquei empolgado no início, a trilha sonora, aquela chegada à Ilha, os portões se abrindo. Meio Jack Nicholson chegando ao Hotel, em The Shining. No meio vi alguns tips e soube da merda toda. É um filme bom, mas só.
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