29.2.08

King of Pitfall

No recente post sobre o documentário "King of Kong", comentei que nerds-nave-mãe de todo o mundo mandam "recordes" gravados em VHS para a empresa TWIN GALAXIES "autenticar" os mesmos, uma das maiores provas que a nerdice, assim como a estupidez humana, pode ser infinita.

Ontem, no portal global de notícias G1 , encontrei a estupenda informação que um brazuca é "recordista mundial de PITFALL". Grande feito legitimamente autenticado pelo precitado órgão de registro nerdístico gametório e joystictório galáctico!

E MAIS, o tal mané faz parte de uma equipe de nerds chamada "metroid", que "se reúne em Penha, litoral norte de Santa Catarina, para jogar".

Putaqueocabaçodogoleirodobotafogo :) !

Segundo a notícia, "a equipe Metroid tem 716 recordes e 496 "primeiros lugares" nos rankings da comunidade internacional. "A gente combina, conversa para ver qual membro da equipe é mais qualificado para determinado jogo."

HEHAHEAHEHAHAE!!!!!

Ainda, publicam também uma pequena biografia dos componentes da equipe, a qual faço aqui pequenas atualizações:

  • Equipe Metroid e seus recordes:
Foto: Arquivo pessoal

Rodrigo Lopes, 27 anos (não encontrado para a entrevista do equivocando)


Principal recorde: "Pitfall" (Atari 2600) - 100% dos pontos e 1 minuto e 42 segundos de tempo restante. (também detém o recorde de mais longo fio-terra com o joystick DYNACOM, modelo anatômico)

Jogo preferido: "The legend of Zelda" (Nintendo) (mas para quebrar o recorde do fio-terra, acima explicado, prefere DECATHLON, do Atari 2600).

Especialidade:
RPG (e Coloscopia digital)

Treinando para:
"Final fantasy VII" (PlayStation) (aguentar um fio terra com um joystick de NEOGEO)


Foto: Arquivo pessoal
Carlos Caroli Krueger, 32 anos

Principal recorde: "Donkey Kong country" (SNES) - 101% com em 42 minutos

Tipo de Mulher que prefere: "número Seis, de BattleStar Galactica"

Jogo preferido:
Série "King's field" (PlayStation)

Quando perdeu a virginidade: "Hã?"

Especialidade: Plataforma/Aventura

A virgindade, seu mané... quando você espatifou a catiranha? : "... e-eu, e-e-eu..."

Treinando para:
"Super metroid" (SNES)

Sai daqui, seu porra: (buchechão)




Foto: Arquivo pessoal

Cristiano Testai, 27 anos


Principal recorde:
"Rage racer" (PlayStation)

Fala aí alguma coisa: "000100011101010 01001010100000 110101011111010101 0100101010010101001010 10101001001010100 111111100011101000101001 110100101010000000"

Jogo preferido: "Blastcorps" (Nintendo 64)

Tá bom, tá bom, o que diabo você falou? : "Vida longa e próspera em BINÁRIO!"

Especialidade: Corrida

Maior conquista de sua carreira: "Aprender a bater punheta com a mão esquerda"

Treinando para: "Formula 1" (PlayStation)

Treinando para: "Aprender a bater punheta sem as mãos, só com o poder da mente"


Foto: Arquivo pessoal

Valter André Treib, 28 anos


Principal recorde:
"Cabal" (Arcade) - 3.774.150 pontos

Você... um momento... Valter... pára com isso, Valter : "bid-bid, bid-bid... b-i-d-b-i-d... bi,d... bi,d..."

Jogo preferido:
"Capcom Vs SNK 2" (Dreamcast)

É verdade que você ... : "bid-bid... bidbdibdibdibdidbidbdbi"

Especialidade:
Luta

Cacete... : "BID BID BID BID-BID!!!"

Treinando para:
"Street fighter II: the world warriors" (Arcade)

Tudo bem, já sei, você tá imitando aquele robozinho de Buck Rogers: "Aê, nerd irmão!!!"

p.s.: sem p.s.

Human Devolution

Michael A. Cremo (1947- ) é um autor americano intimamente ligado à movimentos de criacionismo, mais precisamente os ligados às concepções do hinduísmo. Segundo suas próprias palavras, ali pelo fim dos anos 60, após cuidadosamente estudar o Bhagavad-gita, um presente dado por Hare-Krishnas em um show do Grateful Dead :), ele decidiu que deveria se dedicar em tempo integral à devoção do Senhor Krishna, mudeou-se para Los Angeles e se juntou à International Society for Krishna Consciousness.

Na década de 80, com o também escritor Richard L. Thompson, iniciou uma série de estudos que culminaram na publicação de "Forbidden Archeology: The Hidden History of the Human Race” , livro pelo qual tentam demonstrar que, nos últimos 150 anos, arqueologistas e antropologistas acumularam uma vasta quantidade de evidências que demonstrariam que humanos, em sua forma moderna, têm existido neste planeta há “dezenas de milhares de anos”, e que a ciência oficial suprimiu, ignorou e esqueceu estes fatos/dados porque os mesmo contradizem o paradigma aceito a respeito da evolução humana.

Na minhas peregrinações para descobrir novos livros de pseudo-ciência, ou de proto-ciência, ou mesmo de boa farsa-ciência :), descobri o nome do Cremo quando procurava algo sobre mineração de ouro na pré-história (isto é uma outra história). A versão completa do “Forbidden Archeology” nunca foi lançada no Brasil, principalmente porque são quase 1000 páginas, o que não alenta muitos os interesses das editoras brasileiras por lucro. Acabei comprando a versão condensada, lançada no Brasil: “A História Secreta da Raça Humana”.

O livro é basicamente uma exposição de dados coletados em diversas partes do mundo que apoiariam a versão de Cremo e Thompson sobre a criação do ser humano no planeta Terra, abertamente declarada criacionista.

Apesar de frequentemente se tornar chato, o livro é muito bem documentado, o que causou um certo rebuliço na comunidade arqueológica e antropológica, embora, é claro, seja desdenhado e desmentido a todo momento. O grande mérito do livro é que os dados apresentados foram produzidos pelos mais variados e conhecidos arqueológicos da ciência oficial, Cremo e Thompson não produzem dados, nem sequer os interpretam, eles apenas os expõem, apontando aqueles que não se encaixam de forma alguma na interpretação oficial.

Tempos depois de lido o "Forbidden...", estava eu na livraria cultura de Recife, quando escutei no auto-falante que iria haver uma palestra sobre o livro. Achei que apareceria algum divulgador da editora, fui até lá e encontrei o próprio Michael Cremo. Bem articulado, em pouco mais de meia-hora, ele defendeu suas teses (que a ciência oficial prefere ignorar os tais dados “anômalos”), sem entrar em detalhes sobre explicações a respeito dos tais dados, ou quem seriam os humanos que viveram há “dezenas de milhares de anos”.

A palestra foi traduzida in loco por um integrante da comunidade hare-krishna de Recife, o que deixou bem claro, mais uma vez, a posição ideológica/teológica de Cremo. Ao fim, tive a oportunidade de conversar sozinho com Cremo, que foi muito simpático e respondeu várias de minhas perguntas (em meu inglês capenga e nervoso), e mais, disse-me que as “explicações” dele para a presença dos humanos em um passado tão remoto seriam publicadas em breve, em um livro chamado “Human Devolution: a vedic alternativa do Darwin´s theory"

E foi este livro que comprei quando quis fazer a minha primeira compra de livros internacionais.

Em um belo exemplar de Hardcover, o livro me impressionou muito pelo acabamento, o que gerou então uma grande expectativa pelo conteúdo.

Pela primeira vez, Cremo deixou bem claro suas posições criacionistas em seu trabalho. Não que alguma vez tenha negado, mas ele sempre preferiu abordar os temas de seus livros apenas pelo viés do acúmulo de dados, o que foi uma grande tática, pois até se pode duvidar, criticar o trabalho dele, mas o cara realmente conseguiu reunir um conjunto de "evidências" muito impressionantes.

Segundo Cremo, amparado pelos dados anômalos que colheu e por suas convicções religiosas, o Homem não EVOLUIU de seres inferiores, como o macaco e o que mais veio antes dele na progressão oriunda do pensamento darwinista, mas sim INVOLUIU de seres "superiores", de "puro espírito" para a forma mais "rasteira", mais "grosseira", do ser humano atual. E seria por isto, entre outras conclusões, que não existiria qualquer "elo perdido" entre o homem e o macaco.

Para o autor, somos todos formados da integração de 3 coisas: corpo, mente e alma! A alma, criada por Brahma, seria "involuída" para se "acoplar" nos corpos concebidos, que, se tiverem saúde, se completariam com uma mente saudável :) !

Cremo se utiliza muito do pensamento de Alfred Russel Wallace, um respeitado cientista britânico que, junto com Darwin, ajudou a pavimentar a Seleção Natural nos meios científicos, o que parece ser, a princípio, um tanto contraditório, visto que o livro de Cremo está o tempo inteiro desdizendo o darwinismo. O fato é que Wallace, apesar de acreditar nos aspectos gerais da teoria, afirmava que "faltava algo" para que a teoria ficasse completa, o que o fazia acreditar em "inteligências superiores", ou seja, algum tipo de "deus" :), dirigindo a "evolução".

Vários capítulos do livro também são dedicados a tentar deduzir o que seria a alma, a consciência espritual pura, visto que este seria o ingrediente principal do que nos tornaria seres humanos. Alguns temas bem interessantes são discorridos, como por exemplo a reincarnação (também em consonância com o hinduísmo que o autor segue) e o velho dualismo mente-corpo cartesiano.

Ao fim, creio que este livro está inserido em uma nova moda, a de uma espécie de neo-criacionismo, cuja tática é usar argumentos "racionais" para conseguir simpatizantes e garantir munição para os crentes mais afoitos, no intuito de espalhar o seu proselitismo religioso. É esta mesma moda que tenta, a todo custo, inserir o "design inteligente" como equiparável à ciência nas escolas de todo mundo. Aqui mesmo no Rio, terra do cretino e corrupto casal Garotinho, tentou-se incluir este tipo de disciplina nas escolas fundamentais.

Ao fim, indico para muito poucos, pois o livro segue uma interpretação muito particular de conceitos muito controversos. Explico:
- Se você é brasileiro, provavelmente é cristão. Se você é cristão, não vai gostar de ler sobre Brahma criando a existência e os seres humanos, evoluindo ou involuindo;
- Se você é ateu, como eu, também vai achar o papo meio foda, apesar d'eu adorar as viagens "arqueologia proibida", "dados anômalos" e temas correlatos;
- Agora, se você for hare-krishna, se gosta de arqueologia "alternativa" e de idéias controversas, encontrou o seu livro :)

p.s.: O Campello adora Brahma, e Antartica, e Skol, e Bohemia... e BELCO!

25.2.08

Mr. Brooks ("Instinto Secreto")


Semana passada peguei alguns filmes emprestados a fim de matar um pouco de tempo. Entre eles estava "Instinto Secreto" ou Mr. Brooks (realmente não sei o motivo de terem mudado o nome deste filme).

Confesso que relutei um pouco para assisti-lo, motivo: Demi Moore (sem viadagem). Definitivamente não gosto de sua atuação e por coincidência (ou não) também não costumo gostar dos filmes nos quais participa. Além de Demi Moore, também atuam Kevin Costner e William Hurt. Pois bem... me aventurei.

Para mim este seria mais um típico filme de detetives Novaiorquinos, e ele o é! A idéia é extremamente batida: de um lado um serial killer inteligente e sagaz (Kevin Costner e William Hurt) e do outro uma policial (Demi Moore) que tem problemas pessoais que inicialmente atrapalham seu trabalho (e por fim de alguma maneira terminam lhe ajudando em alguma coisa) e que também é inteligente e sagaz. Porém, com o passar do tempo fui me surpreendendo com o filme! Não pelo lado da polícia (que foi altamente previssível e igual aos outros - remetam-se ao início do texto quando falo da Demi Moore), mas pelo lado do Mr.Brooks (Kevin Costner) e do seu amigo imaginário (William Hurt), a maneira como eles dialogam, as considerações que um faz para o outro a fim de não serem descobertos, a relação com a filha e finalmente a relação com a única testemunha que ele deixou, realmente me prenderam a atenção (a ponto até de retardar a velha mijadinha). Este comportamento não linear pelo lado dos criminosos é o difencial do filme.

Decidi não colocar Spoilers no texto pois o filme é legal, vale a pena assitir.

19.2.08

Better World, eu acredito!

No post chamado Traça Internacional, comentei que havia testado comprar livros pela internet por um site chamado BetterWorld, que recolhia doações de livros e os revendia, angariando fundos para instituições de caridade pelo mundo todo.

Passado pouco mais de 1 mês, estava achando mesmo que o negão havia me dado um calote internacional.

Mas hoje, pela manhã, recebi um pequeno pacote plástico.

Os 3 livros que pedi, Humans (Robert J. Sawyer), Rogue Messiahs: Tales of Self-Proclaimed Saviors (Colin Wilson) e The Grays (Whitley Strieber), chegaram são e salvos e me surpreendi com a qualidade das edições.

Duas delas, Rogue Messiahs e The Grays, foram capa-dura e vieram com uma excelente capa plástica de proteção, além da capa normal.

A edição do Humans veio bem normalzinha, mas sem nenhuma mácula.

Os livros estão mais conservados do que a maioria que vejo nos sebos do Brasil, seria possível vendê-los como novos facilmente.

Mas o melhor foi mesmo o preço, incluindo postagem internacional, os 3 livros saíram por U$ 21,00. Isto é, por menos de R$ 35,00, eu comprei 2 livros de capa-dura e um outro normal. Aqui no Brasil, é completamente impossível você comprar um hardcover sequer por R$ 50,00, imagina 2 e meio por R$35,00!!!

Aconselho ferrenhamente o site, claro que não tem tudo, mas o que tem é bom demais!!!

VALEU NEGÃO!!!

Veja, o embate!

Diariamente, quando consigo algum tempinho livre, faço uma peregrinação por alguns blogs e sites, que abrangem os mais variados assuntos, desdes os de cultura pop como o Omelete, passando pelos de esporte como o do Juca Kfouri, e até mesmo os de "política", como o do Paulo Henrique Amorim.

Com o tempo, comecei a notar que deste último tipo de blog, os de "política", eu geralmente tendia a ler os que se alinhavam comigo ideologicamente, coisa natural, mas, a longo prazo, danosa, pois você acaba só lendo exatamente o que você quer ler.

Mas não vou entrar no mérito de ideologias, pois eu e o meu amigo Campello não somos exatamente o que se pode chamar de "alinhados" quando o assunto é este. Além disto, este blog, até segundo ordem, não vai tratar de política.

Mencionei isto acima porque, ao notar a minha tendência de só ler o que eu queria, decidi procurar sites e blogs minimamente "neutros" nesta matéria (se é que isto é possível!), e um dos melhores que encontrei foi o do jornalista Luís Nassif, um dos mais conceituados jornalistas especializados em economia/política do país.

Mas o que me chamou MESMO atenção no trabalho do Nassif foi um pequeno projeto que ele iniciou recentemente, o DOSSIÊ VEJA.

Não é segredo para ninguém que a Veja é a líder do mercado brasileiro de revistas semanais de informação e, através deste poder, é capaz de manipular a informação ao seu bel-prazer, seja por interesses políticos, econômicos, ideológicos ou sei lá o que mais.

Casos e mais casos são frequentemente lidos e ouvidos sobre as manipulações da revista, das mais grosseiras às mais sutis, e algumas publicações já surgiram sobre a revista e seus desmandos, mas nunca chegaram às minhas mãos.

Agora, é um jornalista respeitado e que resolveu colocar o assunto de maneira clara e em um meio de comunicação tão acessível quanto a internet.

Em forma de capítulos, Nassif explica, passo-a-passo, como a revista foi paulatinamente construindo o seu poder de manipulação de informação, principalmente através de táticas que podem ser facilmente entendidas como "extorsão".

Esclareço ainda que o dossiê não trata de política exatamente, mas muito mais do "poder da informação", e de seu desvirtuamento nas mãos da revista.

Confesso que toda semana dou uma folheada na Veja e já nem me surpreendo mais com o que leio, já não dava nenhuma credibilidade a revista e a partir de agora dou menos ainda.

Mas é claro que posso apenas estar lendo algo que ecooa com as minhas vontades de leitura ideológica, então, melhor que os leitores decidam :)

DOSSIÊ VEJA

Duvido muito que a Veja, sendo o que é, vai deixar barato. Por mais que o Nassif esteja se preparando para os ataques vindouros, acho que ele vai acabar se lascando, infelizmente... De qualquer modo, é alguém que merece meu respeito de agora em diante!

17.2.08

Oscar 2008, There Will Be Blood

Sério concorrente a melhor filme do Oscar 2008, junto com No Country for Old Men, There Will Be Blood é um filme excelente. Muito bem escrito, muito bem dirigido e muitíssimo bem interpretado. Técnicamente é perfeito: excelente edição, fotografia e áudio. Com relação ao áudio, algumas palavras: lembra muitas vezes 2001: A Space Odissey, principalmente nas aparições do monolito, a trilha sonora é ruidoza, envolvente, não tem música, não tem melodia, é na lata, na bucha, na xinxa. Se No Country... é filme pra macho, esse aqui é para o avô deste macho: muito mais macho, porra! Entendeu, Sardaukar?

O Caboclo Mamador desceu em Daniel Day-Lewis e o fez interpretar como um maníaco, um doente, um insano. A interpretação do cara é impressionante, do começo ao fim. Aliás, a interpretação de todos os atores do filme é outro ponto a ser notado, e isso, ao meu ver, tem um dedão do diretor. O tal Paul Thomas Anderson é o mesmo dodói que fez Magnolia (outro filme dugarái) e que botou pra moer em There Will Be Blood.

[Spoilers]

Trata-se de Plainview, um cara fodido que inicia o seu negócio de petróleo logo depois de sofrer um acidente numa prospecção solitária e bem sucedida de metais preciosos. Logo na extração do primeiro poço, adota uma criança filha de um dos empregados que morreu trabalhando para ele. A partir daí, junto com seu filho, que "carinhosamente" chama de H.W., corre por várias partes dos EUA até que, depois de uma dica dada por um estranho, descobre um oceano de petróleo escondido sob uma vila no meio do nada. O tal Plainview é um dos maiores filhos da puta da história do cinema e isso se torna mais evidente porque é um personagem muito bem construído, bem definido e mutíssimo bem interpretado. Não parece ser inventado, se é que foi, parece uma daquelas figuras que viram história numa determinada região e que, vez por outra, é assunto corrente nas conversas.

De todos os indicados ao Oscar (assisti, mas ainda não comentei American Gangster), os dois que disputariam pau-a-pau a estatueta seriam este e No Country for Old Men, o qual gostei bastante também - na minha humilde opinião. Muito bom ter a disposição dois filmes memoráveis para escolher. Coisa fina. E coisa rara, até.

A palavra que não diz nada, sequer resume o filme: fiel.

Ah, não tem link, assisti no cinema mesmo. Nenhum release prestou, é uma pena.

15.2.08

The King Of Kong

De vez em quando, Dona Sardaukar, pra me perturbar, gosta de me chamar de Nerd. Como ela tem parcialmente razão (não vou entrar nos detalhes do motivo do "parcialmente"), eu só fico dando uma risadinha nervosa mesmo, nem retalio.

Realmente, gosto de ciência, de ficção científica, quadrinhos, seriados de tv, jogos de computador, e só me abstenho de RPG, mangá e outras viadagens.

Mas é até possível conversar comigo e nem notar a minha nerditude, juro :) !

Recentemente, lendo blogs gringos, ouvi falar de um filme, um documentário, chamado "The King Of Kong", e resolvi baixá-lo, para quebrar o esquema de oscarizáveis que eu havia entrado.

E, olha, caro Campello, nunca me senti tão NÃO-NERD quanto depois de ver o tal filme. Um espetáculo. Toda vez que eu for chamado de nerd, é só me lembrar das figuras deste filme para rir um pouco e ainda me sentir quase um ATLETA!

O documentário mostra a vida de um bando de maluco que simplesmente dá TOTAL e COMPROMETIDA importância a recordes de fliperama! Sim, é sério, a galera se esgoela, mata e morre por causa daqueles recordes que deixávamos, de brincadeira, em velhas máquinas de Pac-Man, Gálaga e, principalmente, de DONKEY KONG! (clique aí pra você lembrar qual é, em FLASH!)

Centra-se principalmente na figura de Billy Mitchell, uma espécie de ultra-mega-nerd-fodão que batia todos os recordes imagináveis de fliperamas na década de ´80, e deteria um deles, desde 1982, mais precisamente o do Donkey Kong.

E daí vem o título da película, pois aparece em cena um tal de Steve Wiebe que, sem ter conseguido nada de excepcional em sua vidinha de classe média americana, resolve comprar uma máquina de Donkey Kong e jogar até bater o recorde que perdura por anos, e se tornar O REI DO KONG!!! :)

A saga de Steve, nesta tentativa, é o mote principal do filme, mas o que me fez gargalhar foram as figuras que apareciam do nada, NERDS-NAVE-MÃE, daqueles que mal descobriram como bater punheta, dando estatíticas, trocando macetes e o escambau sobre jogos que ninguém lembra que existem mais!!!

Porra, existe até uma empresa, a TWIN GALAXIES, especializada em monitorar os recordes MUNDIAIS de jogos de Fliperama!!! Em uma das cenas, aparece um dos nerds-masters da empresa mostrando a saga que é assistir umas 30 horas de VHS, para "autenticar" um recorde de Pac-Man, para ver se o cara jogou mesmo e bateu mesmo o recorde, "sem trapaça", e falando disto de uma forma muito séria, dando uma importância vital pra coisa (HEAHEAHEHAEH)!!!!

Só vendo para acreditar!!!

Ademais disto, digo que o filme é muito bom. Bem dirigido, bem roteirizado, dá mesmo vontade de ver até onde aquela manezice vai dar, com um final muitissimo legal!!!

O único porém é que não achei qualquer legenda pro filme, então, Campello, vai ter que ser NO PAU mesmo!!! Manda bala aí!!!

The King Of Kong

E, para um pequeno aperitivo da coisa, segue abaixo o trailer do filme. Bon voyage para quem viveu ali por 1982 :) :

Oito filmes para (morrer de) rir

Há alguns filmes que eu simplesmente passo mal de rir do começo ao fim. Há também outros os quais têm um bom humor durante todo o filme, mas em uma ou duas cenas eu quase morri de tanto rir. Abaixo uma pequena lista, podendo ter os malditos spoilers, já que falo, por alto, de algumas cenas. A lista não está em ordem de preferência, apenas de lembrança.

1. Borat. Ri durante quase todo o filme (do início até a parte do urso).
  • Dançando discoteca;
  • Corrida dos judeus e o ovo da mulher judia;
  • Lágrimas de cigano;
  • Feministas;
  • Aprendendo a fazer piadas;
  • O dinheiro jogado às baratas (passei mal);
  • Comprando o carro, falando sobre a decadência da esposa;
  • Encontro pré-etiqueta, mostrando a foto do filho (passei mal);
  • Jantar, ao confundir propositalmente retired com retarded;
  • Jantar, ao elogiar a esposa de dois e desqualificar a do terceiro.
2. The Pink Panther (2006). Infelizmente não vi o original. Ok, é inacreditável, mas ainda não vi. Gostei do filme, muito legal, muito divertido, ri tranquilo durante o filme. E achei Steve Martin, em algumas cenas, muito mais para Maxwell Smart do que para o inspetor Closeau (é, apesar de não ter assistido ao original).
  • A cena do distintivo da polícia (batida, eu sei, mas ri muito);
  • Aprendendo a falar "I would like to buy a Hamburger" (passei MUITO mal de rir, engasguei e tudo o mais). Para quem já viu e quer se urinar de rir novamente, aqui vai o link para o vídeo no You Tube. Vi e chorei de rir novamente.
3. The Big Lebowsky. Muito, muito legal o filme. Fui ao filme com Sardaukar e um grande amigo meu numa seção de arte recheada de entendidos. Eu e meu amigo nos debatemos de tanto rir, a ponto de incomodar as gazelas ao redor, deixando Sardaukar completamente constrangido. Já como faz muito tempo, não vou lembrar da ordem correta das cenas.
  • Quando a mulher tenta chocar The Dude a pronunciar a palavra vagina;
  • Jesus Fuckin'Christ!
  • Ao jogar as cinzas do amigo ao mar, com o vento na direção contrária, num pote de sei-lá-o-quê;
4. There's Something About Mary. Um filme legal, pena que só dá pra assistir uma vez.
  • Quando o irmão de Mary agride Ted, após ele mexer na orelha dele;
  • No diálogo em que o "arquiteto" fala que trabalha com "retardados";
  • Na cena da masturbação;
  • Na clássica cena do cachorro.
5. Crimes and Misdemeanors. "Crimes e Pecados", de Woody Allen. Um filme muito legal, mas sem muita comédia. Longo, com uma história interessante, bem feito. Gostei muito do filme. Mas no meio de todo o drama, há dois momentos muito engraçados.
  • Na exibição do documentário sobre o cunhado, ambos na sala (passei mal de rir);
  • Quando recebe a notícia que o velho morreu.
6. A Fish Called Wanda. Ótima comédia, mas só assisti uma vez (vou assistir novamente). Um filme extremamente divertido, do início ao fim. Só tive a oportunidade de ver há poucos meses - e não sabia o que estava perdendo. O filme inteiro é bom, abaixo algumas partes legais.
  • "Como é a parte do meio?";
  • Quando falavam da guerra do Vietnã;
  • Otto seduzindo Ken (chorei de rir);
  • Ken tentando matar a velha, especificamente na parte do cachorrão (chorei de rir);
  • Wanda dando uma pequena aula de filosofia para Otto (chorei de rir).
7. Bowfinger. "Os Picaretas". Muito bom o filme. Algumas partes as quais lembro:
  • Eddie Murphy atravessando a highway (ri muito);
  • A "contratação" de mão-de-obra mexicana na fronteira (chorei de rir).
8. South Park: Bigger Longer & Uncut. Outro filme de comédia que assisti no cinema e não me comportei apropriadamente. Ri muito.
  • A fantástica música Kyle's Mom;
  • Sobre a vida pregressa da mãe de Cartman;
  • Na parte do Satanás e Saddam no escuro (chorei de rir);
  • Um garoto, sobre as pontadas que levava na cabeça enquanto era um feto;
  • Operation Human Shield (sacanagem, hehehe).
Bom, é isso. Quando me lembrar de mais, crio outro post.

Oscar 2008, Atonement - II

Sardaukar, concordo com os diálogos dos gênios os quais traduzem, de forma brilhante e surpreendente, os títulos dos filmes. Só queria acrescentar uma coisa: são cineastas frustadérrimos de meia-idade. Mas vamos ao que interessa.

[Spoilers até o pé do cipa]

Assisti ao filme, achei uma merda. Uma miérda, apesar do filme não ser de todo ruim. Romance de balzaquiana. A questão é mui simples: quando aparece uma velha no final do filme com alguma informação nova a respeito do enredo, fudeu. E não tem essa de reparação, não! Errou, acabou, no mercy at all. Ah... e o filme não é de todo ruim porque, ao menos, é bem recortado. De resto, é aquela água-com-açúcar bobinha. No início, você sente que alguém vai se foder sem ter culpa, mas não se revolta e, ao final, é retirado de você um suposto final feliz. E a pergunta que fica é: sim, mas e daí?

E lá vai uma palavra para o filme: hormonal.

A ilustração de Nelson neste post é em homenagem a Sardaukar. É que eu assisti ao filme antes dele, não gostei do filme antes que ele gostasse e, mesmo assim, ele ainda escreveu primeiro. Mas continue postando os links, Sarda! E quando achar um release bom de There Will Be Blood, manda pra mim que só falta este para os indicados a melhor filme do Oscar 2008.

p.s.: não assisti à Pride and Prejudice e a pouca vontade que eu tinha de vê-lo, sumiu.

12.2.08

Oscar 2008, Desejo e Reparação

Um dos grandes mistérios do cinema nacional, pelo menos pra mim, é quem traduz os nomes dos filmes para o português. Mas não, não irei começar a dar exemplos de traduções idiotas, nem fazer aquela listinha clássica de traduções de nomes de filmes d'além mar.

Mas continuo sem entender o motivo de terem chamado "Atonement" de "Desejo e Reparação". Em inglês, "atonement" poderia mesmo ser traduzido por "reparação", ou "expiação". No livro que deu origem ao filme, de Ian McEwan, o título escolhido foi "Reparação", o que bastaria, não acha, Campello?

Só que os tradutores brasileiros têm outras idéias:


-Ah, poxa, poxa... o que eu coloco como título deste filme? - disse o tradutor.
-Hummm... como se traduz isto aí? - disse o publicitário.
-Atonement é... peraí... deixa eu entrar no Google - disse o "tradutor" - ... reparação!
-Porra, nome feio... não cola... não pode ser REPARAÇÃO MORTAL? - disse o "publicitário".
-Não, não... é quase um filme de arte... também tem "expiação" aqui como tradução!
-Expiação?!?! Cacete... EXPIAÇÃO MORTAL não dá, eu já coloquei este nome em um filme...
- Não, tenho uma idéia, o nome do outro filme do diretor é "orgulho e preconceito", então, por que a gente não coloca algo "... e reparação"?
-"Algo e Reparação", "algo e reparação", não é ruim... mas não acha muito vago?
-Não, bicha burra, "algo" seria outra coisa, não seria "algo".
-"Outra coisa e Reparação"? Não é muito mil novencentos e noventa e dois?

- Não, esfolada... a gente tem que pensar em alguma outra palavra e colocar antes do "reparação"!
- Hum, deixar eu ver aqui na minha agenda do hercovitch... as palavras que o público mais gosta são "mortal", "final", "invencível", "do barulho", "batalha", "malucos", "ninja", "vingança", "dois", três" e "quatro"... acho que o melhor título que já bolei é "a vingança final do ninja invencível 2", seguido de "ninjas malucos do barulho IV, a batalha final".
- Que tal Desejo?
-"Desejo e reparação"? Mas porque...?
-Porque é o que meu coração diz quando eu sinto este teu aroma de jasmin, meu abricó florestal...
-Ai, não fala assim que eu fico toda arrupiada.
-Calaboca e senta aqui!!!

Este é o meu melhor palpite para a forma que os nomes são escolhidos.

Voltando ao filme, "Atonement" se passa no ano de 1935, nos turbulentos anos que anteviam a Segunda Guerra Mundial, e conta a história de uma imaginativa, e aspirante a escritora, garota de 13 anos chamada Briony Tallis (Saoirse Ronan), que esta naquela fase perigosa, quando as meninas já se acham mulheres e estão desesperadas para ver a foice do primeiro mancebo que trocar duas palavras com elas.

O alvo das tentações mal-dirigidas/digeridas de Briony é o filho da empregada, Robbie Turner (James McAvoy), rapaz ali pelo começo dos 20 anos, que tem uma relação complicada e inexplicada com a irmã de Briony, Cecilia (Keira Knightley).

Inicialmente, o filme dá aquela impressão que você voltou 20 anos ao passado e está vendo "uma janela para o amor" ou "passagem para a índia", os filmes que fizeram a fama da duplinha Merchant&Ivory nos anos 80. Mas não, isto não é ruim se você gosta de produções "requintadas" e cheias de esmero cenográfico. Eu, particurlamente, gosto. Não por viadagem, mas porque acho legal ver que alguém está preocupado em contar uma história em seu devido contexto, com os detalhes pertinentes para situar a história.

Daí, quando eu achei que a história iria se conduzir como os filmes acima citados, há um "twist", uma "virada". A história é construída sob dois pontos de vista, e como estas visões diferentes podem ser ao mesmo tempo corretas e enganosas, dependendo de quem vê, dependendo do que alguém, limitado por sua idade, experiência ou vontade, pode ver... A mesma cena é repetida algumas vezes, recontada pelo filme e repercebida por nós!

Para tentar dar um aperitivo da coisa, digo que há um crime na casa (não vou entrar em detalhes do acontecido) e a percepção da imaginativa/criativa Briony acaba desembocando em prisão e sofrimento.

E onde entra a "reparação", o tal "atonement"?
Bien, o livro de McEwan é todo construído em cima de haver a possibiliadde ou não de "reparação" em cima do acontecimento chave da história.
Ainda, de haver a possibilidade de "reparação" através da arte, em uma interpretação mais "extensiva" da coisa.

Na segunda parte do filme, esta questão da literatura como meio de "reparação" surge, mas não me senti a vontade com o rumo tomado, como se fosse um excerto de outra história, como se fosse um ajeitadinho para amarrar o filme...

Assim que vi o filme, gostei muito. Gostei da cenografia, das atuações, da construção dos pontos de vista, até indiquei para alguns amigos. Depois de um tempo, vi alguns defeitos, mas continuo gostando do geral.

Indico para os fãs das grandes produções do passado.
Indico para os fãs de tecnicalidades de cinema (pela construção das cenas "duplas").
Indico para quem se amarra em um plano-sequência (aquelas cenas feitas em uma só tomada gigantesca).
Indico para os fãs das Keira Knigtley.

Por fim, as indicações do filme ao Oscar 2008 foram:

Atriz Coadjuvante ( Saoirse Ronan - Foi bem, mas não ganha!)
Melhor Filme (É bom, mas não creio que vá ganhar de "There Will Be Blood" ou de "No Country For Old Men")
Melhor Direção de Arte (Grande direção de arte, vale um Oscar, mas não vi todos da categoria, então fico quieto)
Melhor Fotografia ( idem ao caso de direção de arte!)
Melhor Figurino (porra, não dou palpite em roupa, cacete!)
Melhor Trilha Sonora Original (não reparei, sinceramente!)
Melhor Roteiro Adaptado (não posso opinar, não li!)

Em suma, talvez ganhe um prêmio "técnico" pelo visual apurado!

E, claro, aqui vai o link básico para o meu amigo de fé e irmão camarada CAMPELLO :) :

Atonement (legenda)

p.s.: E os peitinhos da Keira, hein, hein? :)

9.2.08

Oscar 2008, Michael Clayton

O Sardaukar pensa que eu tenho tempo para ver os rascunhos dos posts dele, ele não vê que entre um copo de água com gás e uma dose de whisk 18 anos não há tempo para nada em minha vida. Deixando as brigas domésticas e o meu projeto de vida de lado, vamos ao filme.

Incrível como esse filme foi nomeado para concorrer ao melhor do Oscar 2008, não por ser ruim, mas por ser escrito de uma forma muito estranha. O filme não tem o menor sentido, apesar de ser muito bem escrito. Não há empatia por nenhum personagem, não há ódio ou orgulho em nenhum momento do filme. As quase duas horas passam rápido, mas mesmo assim não posso dizer que o filme é bom.

[Spoilers a partir daqui]

Trata-se de um advogado, Michael Clayton, que é funcionário de uma firma gigante de advocacia, a qual está defendendo uma causa escrota e, claro, bilionária de uma corporação que lida, dentre outras coisas, com produtos químicos agrícolas, a U/North. O advogado que estava à frente desta causa específica, um tal de Arthur, endoida o cocão, nomeia-se Shiva e tira a roupa durante uma audiência, dizendo não suportar mais a sujeira a qual está metido. Aí tem um pouco de ficção: no dia em que um advogado endoidar porque está defendendo algo que não presta, todas as cédulas de dinheiro do mundo desaparecerão imediatamente. Este Arthur é amigo de Michael, que é incumbido de resolver a parada. Acontece que Karen Crowder, mulher recém nomeada CEO daquela corporação malvada, gigante e inescrupulosa, começa a meter o bedelho para tentar resolver da maneira suja - e é aí que o thriller começa a ganhar corpo, mas não engata.

Apesar do filme ser muito bem escrito, é pequeno e vazio, não há envolvimento com nenhum dos personagens, você não torce para que nada aconteça e tudo o que acontece no filme não tem molho, não tem graça.

As atuações são bem esquisitas, por exemplo, Tilda Swinton, interpretando a CEO da U/North, está parecendo o anjo Gabriel, de Constantine. George Cloney, o próprio Clayton, está parecendo que, apesar dos problemas pessoais, continua tendo um segredo com mais dez, onze ou doze caras. E o mais foda é que Sydney Pollack, que interpreta Marty Bach, o chefão do gigantesco escritório de advocacia, veio direto do banheiro, onde uma puta cheirou todas, em Eyes Wild Shut. Ficou esquisitão. Só vendo pra crer.

Ah, um ponto muito legal do filme: o casting. Ficou do caralho.

Afrescalhando com uma palavra só: parnasiano.

Os links: Michael Clayton (legenda)

Breve: Atonement e There Will Be Blood. Quem viver, verá.

8.2.08

Oscar 2008, Juno - II

O Campello é um safado de marca maior, viu que eu havia deixado um rascunho sobre o Oscar 2008 no blog e resolveu me atropelar, inclusive com o lance de colocar os links pros filmes.

Só pra contrariar, ao invés de assinar com o relator das resenhas dele, vou fazer as minhas também :) , não importando se ele já detonou ou adorou o filme.

Assim, lá vamos nós com JUNO!!!

Enquanto o Carnaval troava pelas ruas do Rio, eu e a dona senhora Sardaukar resolvemos pegar um cineminha, programa que o meu lado nerd aprova, e o lado carnavalesco dela estranha, mas aceita, afinal, ela está grávida de alguns meses, e não quer expor o pequeno Sardaukar a nada!

Dentre opções um pouco decepcionantes em cartaz, escolhemos Juno, apesar de ser um tema não exatamente grato, visto o estado delicado acima exposto.

Mas tudo bem, pelo trailer, dava pra ver que o filme tinha uma verve cômica, e que não era nenhum 4 meses 3 semanas e 2 dias”, que eu não quero ver nem a pau!

O filme conta a história de Juno Macguff (Ellen Page), adolescente do meio-oeste americano, que engravida de outro adolescente, Bleeker (Miachel Cera) e põe na cabeça, sem muitas considerações por parte dela ou de sua família, que vai "doar" a criança para um casal "yuppie" (nesta hora, achei que o filme se passava na década de ´80, pela estética do filme, pelas roupas, pelas músicas, mas, nada...), Mark (Jason Bateman da ótima série "Arrested Development" ) e Vanessa (Jennifer Gardner de "ALIAS").

O ponto alto do filme são os diálogos criados pela roteirista, uma tal de "DIABLO CODY", que nunca havia ouvido falar, mas é um recente "fenômeno" nos EUA, pois dizem que era uma "pole dancer" (tipo a Alzira da novela das oito), que virou blogueira, que virou colunista, que virou roteirista, que é foda e que no fim vai se revelar que é uma mentirosa, feito vários casos atuais de gente que inventa um passado pra parecer mais foda...

Realmente, concordo com o Campello, quando ele faz uma ligeira comparação da película com o "Pequena Miss Sunshine", isto é, o filme é "indie", cheio de atores "indie", com músicas "indie", personagens "indie", temáticas "indie", reações "indie"... blergh!

Já se foi o tempo em que este "adjetivo" me provocava empatia, pois agregava algumas coisas com as quais eu me identificava, mas, cacete, hoje o "indie" é apenas uma opção de "mainstream". Existe uma receita de bolo para filmes deste tipo, como se pode ver nos filmes do Wes Anderson, da Sophia Coppolla, que a molecada pós-emo, pseudo-pseudo, adultescente, electro-viado-clash adora.

Eu não tenho muita paciência mais pra este tipo de coisa. Nem vi "viagem a darjeeling", nem vou fazer esforço pra ver outra bagaça da Sophia, depois daquele videoclip gigantesco e tolo que foi "maria antonieta".

Acho que deviam colocar uma aba naqueles guias de DVD/Vídeo, depois de "Ficção Cientifica", depois de filmes "Históricos", dizendo "Indie".

Eu não sei se foi o Carnaval troando, eu não sei se foi o tema de adoção de uma criança, só sei que lá pelas tantas a Dona Sardaukar começou a desgostar do filme, mexendo-se na cadeira. Eu confesso que estava gostando de algumas coisas, e detestando outras, mas nada que me provocasse a vontade de ir embora, eis algumas impressões:

  • A protagonista é claramente mais velha do que a personagem. Ellen Page foi a kitty pride em "x-men 3", e já tem os seus 21 anos. Isto pode parecer bobagem, afinal, é prática comum usar atores mais velhos para interpretar mais jovens, mas eu creio que isto interferiu na personagem, pois a articulação de Juno MacGuff ia um pouco além dos 16 anos atribuídos, e isto meio que constrastava demais, pra mim;
  • Algumas cenas seguiam demais a receita "vamos fazer uma cena onde a personagem mostre que é esquisita e engraçada ao mesmo tempo", quando Juno vai até a clínica de aborto e faz uma cena teatralizada demais para a garota oriental lá;
  • Várias cenas seguiam demais a receita "filme indie tem que ter personagens com gostos particulares/esquisitos/interessantes", como o gosto de Bleeker por "tic tacs laranjas";
  • Não foi bem resolvida a relação entre o cara que "queria" alugar a barriga de Juno e esta última. Creio que o cara queria pegá-la, e o diretor não teve colhão para explicitar mais a coisa, preferindo uma saída tangente;
  • Que reação "indie" foi aquela dos pais de Juno ao saberem da gravidez? :)
  • O excesso de músicas "indie" quebram qualquer tentativa de se construir climas, pois TUDO tem clima no filme, tudo remete a uma música do B&S, ou do Kinks, ou do Sonic Youth. Pô, gosto das músicas, mas, vamos ser parcimoniosos...

Agora, tenho que dizer que, apesar de só falar mal do filme, não achei ele ruim.
Acho que estou é farto do tipo de filme, mais do que deste em si.
Sabe aquele lance de ter abuso dos fãs do Kerouac, mas não exatamente dos livros do cara, que acaba virando dos livros do cara justamente porque os fãs são uns manés? Pois é!

Há alguns anos "JUNO" seria um filme legal, que nunca passaria perto do Oscar, pois não seria rentável.

Estar no Oscar não é um indicativo de que a Academia está mais "aberta" a este tipo de filme, mas sim de que a indústria já cooptou o "indie".

Mas, ao fim, não confiem no que eu digo, pois eu escrevo muita bobagem quando pego abuso de algo! Melhor assistirem, como o Campello fez, e curtir simplesmente!

Oscar 2008, Juno

Vou tentar, até o Oscar, comentar os filmes que concorrem a "melhor filme" este ano. No Country for Old Men já foi muito bem falado por Sardaukar, análise a qual assino abaixo (por cima do grifo dele, só pra escrotar mesmo). Estou providenciando (hehe) Michael Clayton, Atonement e There Will Be Blood. Já vi American Gangster e Juno, deste último falarei agora. Antes, dois comentários: a) eu gosto mesmo é do mainstream; b) Estou colocando os filmes no nome original, soa arrogante e, ao mesmo tempo, idiota.

Lembram de Little Miss Sunshine? Pois é, nada a ver, exceto pelo fato de ser um filme bonitinho e legal. Atenção especial à trilha sonora bonitinha também, a qual inclui Belle & Sebastian, The Velvet Underground e a versão fodona de Superstar, dos Carpenters, interpretada pelo Sonic Youth, retirada de um CD dugarái chamado If I Were a Carpenter. Este disco Sardaukar me apresentou ("me apresentou"? fresco!) há vários anos, em MP3 (gasp, hehe) e eu "fiz uma imagem do mesmo no meu disco rígido".

A história é muito batida, muito, muito mesmo: gravidez na adolescência. Pois é, mas o incrível é que o filme é bom, sem nenhum drama, com uns diálogos legais e muito bom de assistir. Passa rapidinho. O diretor é o mesmo do Thank You For Smoking, outro filme bom.

[Spoilers a partir daqui]

A história é de uma adolescente de 16 anos, Juno, que engravida do namorado mamão da mesma idade. A partir daí, começa o "drama", que não é drama. Após quase abortar, sem drama, arruma com a amiga uma alternativa: doar a criança. Acham um casal nos anúncios de uma revista de descontos e, junto com a família, entra em negociação com eles. Enquanto as estações do ano passam, a barriga aparece, e vários microacontecimentos surgem, sem dramas também.

Um filme leve, tranqüilo, com uns diálogos divertidos (às vezes forçados, ok) sobre um tema muito babaca, mas executado de uma forma não-babaca. Recomendo. Não vai ganhar o Oscar, eu acho, mas ratifica que cinema é a maior diversão.

Como sempre, uma palavra para o filme: despercebido.

Os links: Juno (legenda).

p.s.: Sardaukar tem um pôster de Justin Timberlake só de cueca no quarto - mas é verdade que ele não gosta da música do cara. Hehe, zonando.