21.3.08

John Rambo

Pois é, eu asssisti. Numa cópia que arranjei com o meu estagiário, em um RMVB seboso, assisti à John Rambo, ou Rambo IV - como queiram. Desde que assisti ao outro filme de Sylvester Stallone, aquele o qual também tem nome e sobrenome, Rocky Balboa, uma sensação familiar me acometeu, mas não sabia dizer exatamente o que era. Após assistir à John Rambo, batata!, descobri.

As mesmas sensações que tenho ao assistir A Turma do Didi eu tive nestes dois horríveis filmes. A primeira é que o tempo é implacável, não poupa ninguém. A segunda é que levantar a dúvida da qualidade das coisas que eu gostava na infância. A terceira é que se gasta dinheiro com muita porcaria, porcaria esta que dá pouco retorno. A quarta e última é que, diante dos meus olhos, eu vejo a decadência e, por algum motivo, isso me interessa. Sem psicologias.

[Spoilers]

Depois de fazer muito cu-doce, Rambo, no seu barco, leva um grupo de missionários cristãos a um país que está há 60 anos em guerra civil. Logicamente os evangélicos tomam no oiteba, são raptados pelos guerrilheiros, mas sofrem pouco em comparação aos nativos. O bam-bam-bam da congregação cristã contrata uma penca de mercenários para achar a turma desaparecida e Rambo é contratado, novamente, para levar a rapaziada até lá. Depois de fazer um discurso God of War pra si mesmo (hahaha, eu ri nessa parte), Rambo leva a turma. Claro que zombam dele, acham que ele é um merdinha, mas, logo depois, descobrem que ele é RD (rola dura). A turma, com o apoio e inteligência de Rambo (hahaha), invade o quartel general dos caras maus (mais fácil que entrar numa igreja evangélica) e começam a resgatar os brancos americanos cristãos.

Agora, algumas perguntas que não querem calar:

1. Não ficou claro, em nenhum momento, o que os caras maus fariam com os americanos brancos cristãos. Afinal de contas, por que não os mataram logo de cara?

2. Eles estupravam as mulheres locais como quem assobia. Por que não fizeram a fila, logo no primeiro momento, na missionária americana branca?

3. Qual é a onde de ficar num picadeiro com duas cobras naja? O Discovery Channel me disse que elas não são tão venenosas, o que complica nessas cobras é que elas, quando se sentem ameaçadas, jogam um jato de veneno no olho do potencial predador;

4. Cadê a faca dugarái de Rambo?

5. O chefão do exército mau papava os meninos os quais ele tirava à força das tribos, isto foi uma mensagem subliminar tendando atingir os homossexuais, os pedófilos ou os homossexuais pedófilos?

6. Rambo velho daquele jeito ainda tem pai? Puta que pariu;

7. O que Rambo fez nesses 30 anos depois do Vietnã?

8. Rambo sentiu um amor paterno ou sexual pela missionária branca cristã americana?

9. O corte de cabelo de Rambo, ao final do filme, é pra fazer rir ou a turma não pensou nisso?

10. O botox serve como isolante de radiação oriunda de uma explosão nuclear?

11. O fato da bomba nuclear jogada naquela região pelos britânicos na II Guerra Mundial não ter explodido foi a) uma declaração de incompetência aos habitantes daquela ilha chuvosa,b) uma divisão da culpa dos americanos por terem defumado duas cidades japonesas ou c) a insinuação de que os britânicos não precisavam sofrer tanto naquelas moções, isto é, que uma bomba nuclear deveria ter resolvido a parada nos idos anos de 1940?

Um detalhe positivo do filme: as cenas de mutilação por bala, flecha ou bomba são muitíssimo bem feitas. São gore, mas são muito bem feitas. Ah. Este é o único detalhe positivo da película.

Uma palavra para o filme: demodè.

p.s.: estive de greve do blog durante um mês até Sardaukar reajustar a minha comissão. Oras, além de ser escritor, sou o único leitor! Aumento, já!

13.3.08

MP3, o não-é-meu problema!

O primeiro post deste preguiçoso blog, feito pelo falecido Campello, tratou da sanha deste contra a qualidade dos arquivos de MP3, em vista de seu sensível ouvido.

Eu não tenho ouvido sensível, em fato, acho até que sou um pouco surdo.

(Existe uma teoria não comprovada que eu sou totalmente surdo e que, na verdade, eu ouço as pessoas telepaticamente!!!)

Daí, nunca me incomodei com a qualidade do MP3, como formato. Se o arquivo não tinha cliques, pulos ou aquele detestável "efeito água", produzido quando a qualidade do bitrate estava muito baixa, eu ficava feliz da vida por ter acesso a mais e mais músicas.

Antes do MP3, ficávamos reféns de:

1- MTV (esta josta que só faz piorar);
2- Eventuais audições de programas de rádio feito o "novas tendências" do josé roberto mahr;
3 - A velha BIZZ, que estava começando o seu processo de "CAPRICHOlização", falando mais do cabelo do Axl Rose do que de música;
4 - Ir até aquela loja no centro, que sempre importava os discos fodas, mas que cobrava uma fortuna, com aquele atendente filhodaputa que não tava nem aí para você, afinal, ele controlava a distribuição da coisa, e você tinha que engolir o preço que ele queria;

Era uma dificuldade tão grande que, para você ter uma idéia, fantasma do Campello, quando eu passei no vestibular, pedi para meus pais importarem alguns discos (já CDS), que nunca foram lançados no Brasil (ride - "nowhere", pixies - "trompe le monde", etc...), pois não tinha como ouvir estes discos/bandas se não fosse assim! Eu comprei os cds no escuro, apenas por indicação.

Em novembro de 1996, estava eu passando a noite no mIRC, quando um amigo me mandou um PVT, pedindo preu aceitar um arquivo! Pô, a conexão era 14.400 kbps, então, naqueles tempos, baixar um arquivo de 3 Mbytes não era exatamente algo indicado.

Realmente não lembro qual foi a música, nem quem foi que me mandou, mas a partir dali o mundo mudou para mim!!!

Em uma era pré-napster, não havia muita disponibilidade de arquivos para baixar, mas isto foi mudando muito rapidamente, pois TODO MUNDO descobriu o MP3 quase ao mesmo tempo. Claro que não é como hoje, quando qualquer mané sabe baixar e ouvir, ou tem um celular que toca, mas naqueles idos tempos, quem acessava a net, tinha um mínimo de familiaridade com a coisa, e foi então fogo no palheiro!

Com o aumento de velocidade das conexões e o advento do Napster, AudioGalaxy, Soulseek, Emule, Kazaa, o acervo de músicas de algúem (não eu!) foi crescendo exponencialmente. Em pouco tempo, era possível se baixar praticamente tudo que se queria, a imaginação ou a vontade era o limite!!!

E se alguém, (não eu!) gostar de organizar as coisas que possui com orgulho, gostar de baixar albuns completos, sem defeitos nos arquivos, com as letras, acumulando com o tempo uma boa coleção, construída com parcimônia, com pelo menos 80% de coisas que realmente o cara (não eu) acha que tem potencial para gostar, vai começar a ter o não-meu "problema".

Se o tal cara, (não eu!) , acumula, por exemplo, uns 1.000 albuns completos de MP3 (não eu!), cada album contendo umas 10 músicas, cada música contendo uns 3 minutos de média, este cara (não eu!) teria uns 30.000 minutos de música, 500 horas de música, quase 21 dias de música!!!

Isto numa estimativa bem baixa...

Onde diabos o cara (não eu!) vai arrumar tempo para realmente ouvir as músicas?

Antigamente, você comprava um disco e ficava semanas escutando e reescutando, colhendo cada som, repensando cada frase, decorando as letras, apreciando a arte da capa ou do encarte...

Semanas só com um único álbum! Posso citar inúmeros exemplos de álbuns que me deram prazer por meses, alguns por anos: Joshua Tree(U2), Green(REM), Substance(New Order), The Stone Roses(idem)...

Mas agora, o cara (não eu!), feito aquele menino mimado, tem tudo ao seu dispor, e não tem mais paciência de ficar ouvindo devidamente os discos! Passa então a ouvir "por cima", como se estivesse o tempo todo com aquela velha função de "intro" dos cd-players ligada. Não há mais tempo para se apreciar, não se precisa mais apreciar, pois está tudo ali, disponível na net!

Entendo perfeitamente alguns amigos meus que continuam a comprar cds importados, boxes fodões, pois ainda estão ligados a esta época de apreciar o valor de uma obra, de tê-la em mãos e fechar um compromisso de analisá-la...

É triste notar que adultos, na fartura, acabam como crianças, "abusando" do que tão facilmente cosneguem :) !

E é este o não-é-meu problema com os MP3!

E, pra finalizar, uma músiquinha (hehe), que não fui eu que baixei nem que uplodiei, que me lembra aquela época do início do MP3:

Supergrass - "MOVING"

boomp3.com