Praticamente nada me faria ver este filme se não fosse esta maratona pré-Oscar 2010. Explico, estou farto do Iraque, farto do "terror", de Bin Laden, de Bush, do Afeganistão, das teorias de esquerda e de direita sobre se devem sair logo, se devem sair depois, a única coisa que interessa para o mundo ocidental no Iraque é Petróleo.
Vidas humanas são apenas contratempo lá. O patrimônio histórico, fundamental, das mais antigas grandes civilizações da humanidade (Suméria, Assíria, Babilônia...) é só um monte de barro que deve servir de escudo ruim para morteiros, balas, bombas, lá.
Mas não quero entrar nesta discussão infindável, pois o filme não entra.
Tentei vê-lo com a mente mais impoluta possível, atento mais aos aspectos técnicos e dramáticos, os mais importantes do filme, como já havia salientado o meu chapa Campello em sua resenha.
Gostei muitíssimo das cenas iniciais. O chão barrento das ruas, as pessoas passando em um misto de suspense e casualidade, a roupa do comandante do esquadrão de bombas, o diálogo rápido, eficiente, tudo muito cativante.
E até havia o Guy Pearce ali, ator que considero excelente e pouco utilizado.
A partir do que dá errado nesta primeira cena, todo o filme se constrói. São três pessoas, cada um com uma função específica, responsáveis por desativar qualquer artefato explosivo encontrado nas ruas de Bagdah.
É o tipo de trabalho que, quando você estiver carimbando/numerando 1.200 páginas de um processo, ou editando uma cena pela milésima vez, ou extraindo o dente podre de alguém, pode pensar: cacete, eu tenho uma profissão até legal, comparando àquela do filme :)
Basicamente, é um filme de conflito entre as personalidades dos três membros do esquadrão, cada um com seu personagem caracterizado em contraponto aos outros. William é o redneck maluco, corajoso, habilidoso, quer desarmar tudo que vê pela frente. Sanborn é o certinho, disciplinado, bom soldado, quer fazer o seu trabalho e ir pra casa. Eldridge é o garotinho perdido no meio da guerra, não sabe quem é, nem o que faz, nem o que quer, pede ajuda ao médico do acampamento, que deve ter um manual de frases feitas para ajudar o garoto.
Não há qualquer excesso, a história se passa quase como um documentário. Dia após o outro, bebida, bomba, perigo, explosão, discussões entre Sanborn e William. Alguns atores cruzam o filme rapidamente, como Ralph Fiennes e David Morse, mas não tiram em nenhum momento o foco dos três principais, ilustres desconhecidos pra mim.
A melhor atuação, sem dúvida, é de Jeremy Renner (o caipira James William), que centra as atenções até o fim do filme, mas o desempenho dos outros, na medida de seus papéis, não fica devendo a ninguém.
Creio que a grande surpresa pra mim foi a direção de Kathryn Bingelow (ex-mulher do odioso James Cameron). Praticamente desconhecida, conduziu magistralmente o filme, fiquei impressionado com a fotografia e a direção de atores, que ela, com certeza, não aprendeu com o ex-marido.
O filme ganhou dia destes muitos prêmios no evento do sindicato de produtores, batendo, inclusive, Avatar (que ainda não vi, estou esperando uma amiga zumbi ir comigo :) ).
Por fim, confesso que vi o filme na marra e estou escrevendo isto aqui também na marra. Mas é bom, a marra constroi o caráter, porra!!!
Mas o filme é bom, os americanos até o estão chamando de uma espécie de "platoon" dos anos 00. Acho exagero, Platoon é mais facetado (ui), mais humano (ai) e menos técnico (ei).
Indico para os que gostam de filmes de guerra, para os oscarmaniacos (não sou) e para quem gosta de um cinema bem executado.
Duvido que eu faça questão de lembrar deste filme no futuro. Se eu visse em uma locadora, pela capa, jamais pegaria, e não perderia nada. Afinal, repisando um argumento batido, temos um tempo finito de vida, e ele deve ser gasto com o que vale muito a pena, nem que a pena seja Desejo de Matar, se assim o Campello quiser!!!
Na resenha do Campello já há um link para baixar o filme, então fico por aqui.
Beijos calorosos nas suas intenções assassinas, Campello!
p.s.: Tô tomando coragem pra assistir ao Precious, baita falta de vontade de ver filmes depressivos, por isto, não voltei ao The Road.
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