14.3.10

Kin-Dza-Dza!

Todo mundo sabe que Sardaukar é um cara culto: faz curso de cinema (roteiro), só lê livros em inglês, viu milhares de filmes e usa óculos de acetato. Nunca paro de aprender com ele.


Uma das últimas grandes dicas que recebi foi a do site icheckmovies, que vem a ser uma espécie de catálogo online de filmes que você já viu, com um quê de rede social. Lá você encontra listas e mais listas de filmes divididas por gêneros, décadas, prêmios, listas de críticos e o diabo a quatro. O seu trabalho é só sair clicando os que já viu e, se quiser, fazendo uma lista dos que quer ver. Aqui vai a conta do Sardaukar como exemplo: http://www.icheckmovies.com/profile/sardaukar/


Bom, ele disse que viu isso tudo de filme, mas todo mundo sabe que ele costuma aumentar o tamanho das coisas.


Foi lá que ele descobriu o Kin-Dza-Dza! (União Soviética, 1986) antes de me passar a indicação. Quem gosta de Monty Python, Terry Gilliam sozinho, The Hitchhiker's Guide to The Galaxy, ou simplesmente gosta de se gabar de ter visto filmes obscuros, vai adorar essa sci-fi/comédia russa.






O ponto de partida do filme é bem simples: dois cidadãos comuns encontram na rua um mendigo que diz ser um visitante perdido de outro planeta, e deseja saber as coordenadas do planeta em que se encontra para conseguir voltar para casa. Após duvidarem naturalmente do esmoléu, a dupla principal toca inadvertidamente no seu pequeno aparelho de viagem espacial e é transportada ao planeta Pluke, na galáxia de Kin-Dza-Dza. A partir dai, a história se desenvolve com as infrutíferas tentativas dos terráqueos comunistas de voltarem para casa.


O planeta Pluke é uma distopia desértica e enferrujada (steampunk, os nerds prefeririam chamar) na qual os habitantes vivem miseravelmente e se distiguem basicamente em duas castas sociais, que se diferenciam apenas por um detalhe arbitrário: a cor de uma luzinha que acende na presença de cada um deles. Fora isso há os Ecilop ("police" ao contrário), responsáveis pela manutenção da ordem.


O bem mais precioso em Pluke são palitos de fósforos comuns (ketse), que podem ser trocados por virtualmente qualquer coisa. Ter muitos palitos significa poder ter calças de cores diferentes ou ficar livre de surras dos Ecilop à noite. A água também é coisa rara, pois grande parte do líquido é transformada em combustível.


Como já disse, o filme lembra muito a direção de arte dos filmes do Terry Gilliam, associado à comédia nonsense e corporal do Monty Python. Há algo francamente incompreensível em alguns pontos da trama e isso é reforçado tanto por aquele sestro de cortes rápidos e duros que muitos diretores desenvolveram nos anos 70 e 80, como por legendas precárias em inglês feitas por fãs (o filme nunca foi lançado oficialmente em DVD a não ser na Russia e Japão). Apesar disso, o filme tem sequências antológicas como as das reverências idiotas constantemente repetidas.


Koo!

É um filme para quem acha que sci-fi soviética é só Tarkovsky. Ou para quem acha que o humor só pode ser feito na língua inglesa. Não é um filme que vai mudar a sua vida mas, sem dúvida, você vai se sentir um pouco mais ilustrado (jamais como Sardaukar) depois de assistí-lo.


- Link do torrent com as legendas (o filme é originalmente dividido em duas partes)


- Ou, se tiver saco, o filme online: parte 1 & parte 2


Now... bugger off!

3 comentários: