2.3.10

A Experiência Religiosa de PKD

Para quem não conhece PKD, uma sinopse de biografia:

"Philip Kindred Dick (16 de Dezembro de 1928, Chicago – 2 de Março de 1982, Santa Ana, Califórnia), também conhecido pelas iniciais PKD, foi um escritor americano de ficção científica que alterou profundamente este género literário. Apesar de ter tido pouco reconhecimento em vida, a adaptação de várias das suas novelas ao cinema acabou por tornar a sua obra conhecida de um vasto público, sendo aclamado tanto pelo público como pela crítica"
 
(...)
 
"A sua primeira obra publicada foi Solar Lottery de 1955. A acção da obra decorria no século XXIII, num tempo em que a democracia como forma de eleição foi substituída por uma sistema de lotaria que decide as funções dos indivíduos na sociedade. No entanto, vem-se a descobrir que a sorte está viciada. Após o aparecimento de obras como Eye In The Sky de 1956, Dr Futurity de 1960 e Vulcan's Hammer de 1960, Philip K. Dick conseguiu ser reconhecido como escritor, sobretudo com a publicação de The Man In The High Castle (O Homem do Castelo Alto) de 1962. O romance recriava um mundo em que a Alemanha e o Japão haviam vencido a Segunda Guerra Mundial." (Wikipedia.pt).



Você pode até não conhecer o cara, mas com certeza já viu filmes baseados em histórias dele, vamos a uma pequena lista:

- Blade Runner (O caçador de andróides);
- Total Recall (O vingador do Futuro);
- Screamers;
- Impostor;
- Minority Report
- Paycheck (O pagamento);
- A Scanner Darkly (O Homem Duplo);
- Next (O vidente);

Fora os filmes que devem quase tudo ao autor, como "Matrix", "Truman Show" ou "Waking Life"...

É um dos meus autores favoritos, embora não seja um grande escritor, como a maioria entende o termo.

Explico.

PKD era um escritor de "idéias", ele baseava suas histórias em temas inusitados, estranhos à percepção comum, mas não tinha um esmero muito elevado na composição de suas frases, de seus enredos. Era um típico escritor de alta produtividade, pós-pulp, que escrevia para viver, tanto no sentido econômico quanto no sentido mental.

Não foi e nunca será um escritor reconhecido. Apesar de gozar de grande prestígio junto a muita gente, acho um exagero quando li, em um dos vários livros que tenho sobre o cara, que ele seria para o século XXI o que Sartre foi para o século XX.

Menos, menos.

Mesmo assim, não consigo passar muito tempo sem ler algo dele, é quase um efeito magnético, que deve ser causado pela ressonância que ele me provoca, ou seja, o que ele escreve se parece muito com o que eu penso, muito provavelmente porque eu tenho interesses parecidos com os dele: budismo, gnosticismo, cabalismo, i ching, "o problema do mal", etc...

Mas o que eu queria postar aqui não é esta babação à toa, mas sim uma história em quadrinhos feita pelo gênio Robert Crumb, contando a "experiência religiosa de PKD".

A tal experiência, como vocês irão ler em uma tradução feita aqui no Brasil por Alexandre Matias e Mateus Reis, mudou toda a vida de PKD. Passou anos tentando entendê-la, e praticamente só conseguia escrever sobre ela, ou sobre idéias advindas de seus pensamentos sobre ela.

Escrevia todos os dias, criando um diário que chamou de "exegesis" e gerou mais de 8.000 páginas de pensamentos, elocubrações, idéias.

O mais interessante sobre o autor é que, apesar de ele ter certeza do que sentiu e viu, achava grande a probabilidade que ele estivesse apenas "muito doido", e que tudo fosse uma tremenda maluquice.

Esta é uma das marcas de seu trabalho, ele acredita e desconfia de praticamente tudo que existe, o que só mostra o quão fortemente ele era influenciado pela tradição gnóstica do início da era cristã, que defendia, entre outras coisas, que a nossa existência era obra de um "deus falso", um demiurgo, que se apropriou do título do verdadeiro "Deus", que seria uma entidade cósmica, distante do mundo material, com a exclusiva missão de enganar a tudo e todos, com um próposito de escravidão.

É desta fase "exegética" que veio a trilogia "A Invasão Divina", "Valis" e "A Transmigração de Timothy Archer", livros que extrapolam a ficção científica para entrar no campo da metafísica, da religião, da cabala, do cristianismo primitivo, da escatologia (parte da Teologia que se refere às coisas que deverão suceder no fim do mundo... pára de pensar em merda, Campello!)...

Estes três livros são esquisitíssimos e, ao ler cada um, tive a nítida sensação que estava descobrindo alguma coisa MUITO IMPORTANTE sobre a realidade, mas não sabia apontar exatamente o quê. Há um estranhamento em seus escritos, talvez porque cada um de nós rejeite, em parte, o mundo em que vivemos, as ganâncias, as intrigas, as pequenas mortes, a necessidade do sofrimento, o impulso descabido, etc...

É muito provável que a maioria leia a adaptação do Crumb e não veja nada demais, só mais uma maluquice de um escritor drogado (coisa que ele era, é óbvio!), mas há muito mais ali, e só lendo grande parte da obra dele para entender o motivo de se dar tanto valor às coisas ditas por PKD.

Mas já passei do ponto, abaixo, alguns links:

Alguns livros em português:

Sites:
Philip K. Dick Fans (tudo, qualquer coisa, sobre o cara!)
Excertos da Exegesis (não publicados)

Por fim, finalmente, a história da "EXPERIENCIA RELIGIOSA DE PHILIP K. DICK".

Boa leitura e cuidado com o IMPÉRIO DA GAIOLA DE FERRO!

4 comentários:

  1. Muito legal, Sardinha, muito legal mesmo A HQ é dugarái. Depois você fica chamando Kastor de maconheiro, hehehe. O PKD era crazy fuck mesmo, o último testamento dele é phoda.
    Mas o que me emputece é que, quando alguém faz regressão etc., todo mundo é uma personalidade foda no passado. Ninguém é um mendigo lascado.
    Outra coisa: se todo mundo foi outra pessoa no passado, como é que a população mundial cresce? Hein? Hein? HEIN? :) hehehe

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  2. Primeiro, ele não era ninguém importante no passado exatamente... lendo mais sobre o assunto, ele achava que era apenas um cristão do século I, nada de outro mundo. Aquele papo de Elias, João Batista, ele mesmo achou que era apenas simbólico. Segundo, esta da população mundial você tirou de "antes do amanhecer", e é bobagem... pois podem existir infinitos mundos habitados, então as almas ficam pra lá e pra cá... Mas, pra te ser sincero, eu tenho outra teoria sobre reencarnação, mas É SEGREDO! :)

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  3. Sardinha, quem você já foi em outras encarnações? Um nobre da corte de Luis XV? Um conselheiro de Nepherites II? Um duque galanteador em um pais europeu que não existe mais? Rasputin?

    Pra qualquer resposta que voce der, a tréplica será sempre a mesma: "Seu merda!"

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  4. Uma fui uma costureira, feia pra cacete, pobre, do século VII, em uma região que hoje poderia ser reconhecida como a Indochina!

    Então, quadriplicando, o certo seria "SUA merda!". E me respeite enquanto ex-mulher, seu estúpido, bruto, insensível!

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