Não sou muito de apontar O melhor filme, A melhor música, O melhor livro, ou fazer uma ordem de preferência, a não ser que seja absolutamente necessário. Mas, eu realmente achei este um dos melhores filmes que vi em 2009, se não o melhor.
Como o S.Castor e o Ulisses, os únicos leitores deste blog, sabem, eu e o Campello somos "almas opostas" :) E é muito fácil que a percepção dele de um filme seja diametralmente diferente da minha.
É o caso deste filme. Ele também gostou, pelo que li, mas por motivos tão diferentes que até fiquei um pouco perturbado, pela possibilidade de duas leituras possíveis surgirem tão facilmente, sendo igualmente aplicáveis, justificáveis.
Lembrei de uma frase de Emerson, um dos poucos pensadores americanos que eu admiro, mas a usar aqui seria de uma indelicadeza tremenda com o meu chapa Campello, então, passo ao filme.
O que me tocou, inicialmente, foi a tremenda solidão que afligia Oskar. A adolescência é um buraco no meio do crescimento humano, alguns pulam com facilidade, outros caem, e existem aqueles que simplesmente não sabem o que fazer... O que havia ali para Oskar? Nada.
O que me tocou, inicialmente, foi a tremenda solidão que afligia Oskar. A adolescência é um buraco no meio do crescimento humano, alguns pulam com facilidade, outros caem, e existem aqueles que simplesmente não sabem o que fazer... O que havia ali para Oskar? Nada.
Pais ausentes, o frio nórdico, o bullying escolar. Qualquer coisa serviria para dar sentido à vidinha dele naquele momento, daí surge Eli.
Para mim, desde o começo, Eli era uma menina, que inclusive se comportava como uma, em todos os aspectos. Expressão corporal, gestos, características físicas. Não, não estou excluindo qualquer possibilidade de que seja um garoto, apenas acho que não é importante para o filme, pois a relação deles me pareceu extremamente delicada e pura, independente se era entre um garoto e uma garota, um garoto e um boi-de-piranha, uma rapariga-de-cego e o e.t. de varginha.
Claro que estamos falando de um filme de vampiro, e Eli era um, precisava de sangue, matava ou mandava o seu "Reinfield" particular matar suas vítimas. Mas isto não depõe contra a singeleza do filme, au contraire, mon amis, só aumenta a tristeza da situação dos dois.
Há inúmeras cenas belíssimas no filme, gosto particularmente daquela em que Eli pede para entrar no apartamento de Oskar e ele, com o sorriso da crueldade adolescente, a compele a entrar. Eli entra, submete-se, pois ama Oskar, e fará qualquer coisa por ele, inclusive se desfazer em sangue. Então, quando Oskar se arrepende, Eli, tão frágil, tão pequena, pede que ele se coloque por um momento em seu lugar... o que me encheu de ternura por aquele monstro devorador de sangue.
E há o "crescimento" de Oskar perante os cretinos colegas de escola, que o destratam, o machucam, muito provavelmente por notarem a fragilidade emocional que ele ostenta tão visivelmente. Eli o ensina a dominar o próprio medo e reagir, sem grandes elocubrações ou construções, basicamente é: devolva a porrada do jeito mais forte que conseguir.
Outra coisa que me agradou muito foi a película ser uma ilha isolada entre tantas produções de vampiro que estão sendo feitas atualmente, a maioria voltada para um público adolescente, gótico ou punheteiro. É tão difícil ver um filme de "terror" realmente bom, pois o gênero geralmente reflete o que os seus fãs querem, e os fãs de terror querem sangue, miolos, serras elétricas. Assim, me pareceu mais uma espécie de fantasia primitiva, um conto de fadas terrível, onde os heróis não são necessariamente belos e felizes.
É claro que Oskar, ao fim, vira o novo "renfield" de Eli, isto é, o humano que a protege quando ela dorme durante o dia, mas isto não quer dizer que ela não o ame, assim como um dia deve ter amado o outro, o velho renfield.
(Desculpem-me, Renfield é o personagem de "Drácula", de Bram Stoker, que "cuida" do conde, da mesma maneira que o velho faz com Eli... é um serviçal humano!)
No início, dá a impressão que o velho não quer a aproximação de Eli por temer que ela mate Oskar e chame atenção da polícia, mas não é o caso. É puro ciúme, pois um dia ele foi Oskar, e ele sente que aquela aproximação vai se transformar em amor, qualquer que seja a sua natureza.
Não acho que Eli seja uma velha, ou um velho vampiro, fisicamente. Creio que, como na maioria da histórias sobre vampiros, Eli estagnou quando foi mordida. Para sempre, eternamente, naquela idade... A face velha, distorcida, que às vezes se mostra, me pareceu mais um reflexo de sua alma, das atrocidades, das mortes, que ela precisou cometer para sobreviver.
Não vejo a pedofilia doente que o Campello viu, talvez porque eu seja bem tolinho :) Só vi dois seres muito solitários, cada um por seu motivo, se encontrando.
Indico muitíssimo o filme, aliás, venho indicando há séculos, mas ninguém me ouve :) Nem todo mundo vai gostar, mas vale muito!
p.s.: uma coisa que acho muito interessante sobre vampiros e, mais especificamente sobre o livro do Bram Stoker, é que não é uma história de amor, não há este elemento de sensualidade que se desenvolveu com o tempo em histórias deste ser. "Drácula" é praticamente um romance naturalista, mostrando um predador em busca de alimento, algo que está acima do homem na pirâmide alimentar. Creio que o surgimento dos elementos sensuais/sexuais nas histórias se devem aos mitos envolvendo succubus e inccubus, além, claro, da simbologia envolvendo sangue...
p.p.s.: Abaixo, um vídeo que alguém postou no Youtube, com uma música bem legal da trilha, de autoria do carinha que tocava no Roxette (hehehe), Per Gessle:
p.p.s.: Abaixo, um vídeo que alguém postou no Youtube, com uma música bem legal da trilha, de autoria do carinha que tocava no Roxette (hehehe), Per Gessle:
Mais um cooptado pelo demônio pedófilo e manipulador. Caiu nas graças da besta.
ResponderExcluirOlha que eu falo a frase do Emerson :)
ResponderExcluirache lindo oh filme
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