17.12.07

MP3 e maus ouvidos


O fim do CD como formato de distrubuição de música está próximo - e isto é uma pena. Se fosse pela evolução da qualidade, como uma mudança de formato para os (natimortos) SACD ou DVD-Audio, seria ótimo, mas tudo leva a crer que vamos acabar ouvindo o ruído abafado de arquivos MP3 a 128kbps de bitrate. Lástima.

Os mais exigentes ripam ou procuram baix... aliás, comprar MP3 a 192kbps - tolinhos. Ainda há uma distância abissal entre este bitrate e a qualidade que um CD proporciona a bons ouvidos (e bons autofalantes, ok... ok...). Preciosismo? Não, não é. Na Nona, segundo movimento, por exemplo: quando rufam os tímpanos (o instrumento, não aquilo que fica dentro do seu ouvido), em MP3 o som parece sair de um banheiro sem eco. O velho Beethoven morderia o lábio inferior - mesmo quase surdo.

Praticamente a qualidade da maioria das músicas a 192kbps fica muito semelhante às gravadas em CD. Porém, tecnicamente, o algoritmo do MP3 não é recomendado para certos tipos de música - mesmo que você ripe com o LAME a 256kbps. As músicas clássicas, principalmente certos instrumentos de orquestra, não terão a qualidade preservada. Mas quem diabos escuta música clássica? Poucos velhos e muitos bossais (incluindo bossais velhos e velhos bossais). Infelizmente, dependendo do headphone ou do equipamento de som, a diferença será notada, mesmo numa ou noutra música - nestes casos tenho a impressão de que estou perdendo alguma coisa.

A evolução, notoriamente, é por praticidade e preço. Um MP3 se carrega para qualquer lugar dentro de um player de R$ 50,00. Poucos querem o encarte (quando há encarte). Poucos querem todas as músicas de um álbum (é a busca pelos hits disfarçada de "liberdade de escolha"). Um CD ocupa muito espaço, 10 deles mutíssimo espaço, quarenta deles não cabem nos apartamentos de hoje em dia - mas vinte discografias completas cabem em 3 cm³. Muitos cacarejam que "as gravadoras oprimem os músicos", que elas "ficam com a maioria do lucro", etc. - mais uma bela desculpa para conseguir, com a consciência imaculada, uma penca de músicas de graça.

Sendo franco, às vezes me pergunto: realmente é necessário tanta qualidade para certos tipos de música? A resposta vem rápido: não, margaritas ante porcos.

Nada pessoal, claro.

p.s.: Não, não sou associado à RIAA, nem pertenço ao lobby das gravadoras brasileiras.

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