7.10.11

Tu Vuò Fa L'Americano ou Como foi quando tirei meu visto dos EUA

 Primeiro tem que assistir a esse vídeo, é impagável!


Ok, agora vamos ao que interessa!

Tem um monte de sites aí falando como preencher o formulário, informações sobre os campos, o passo-a-passo todo, eu só vou narrar aqui como foi a minha experiência na preparação e dentro do consulado em Recife, apenas para fins de informação e para acalmar (ou deixar mais nervoso, sei lá) aqueles que ainda não sabem como é que banda toca lá dentro.



Marquei a minha entrevisa via site oficial, tudo certo, organizado, bonitão; mas com um detalhe: agendei no final julho, mas só consegui data para o início de outubro, isto é, mais de três meses. O chato é que isso é aleatório! O meu amigo, que vai comigo, marcou no mesmo dia e conseguiu para 15 dias antes. Não tem muita lógica, acho que é propositalmente randômico. Uma dica: marque para as primeiras horas do dia. Eu marquei para 8h, mas acho que começa às 7h. E chegue meia hora antes!

Para poder preencher o DS-160 é necessário tirar uma foto 5x7 e tê-la fisicamente (impressa como foto mesmo) e em formato digital (JPG). Isso é chato, mas foi fácil e rápido. No site oficial tem um monte de informações detalhadas, mas a foto é a padrão mesmo, SEM SORRIR, com fundo branco e, se tiver cabelos longos (não é meu caso), colocá-los por trás das orelhas.

Fomos preencher o famoso DS-160, que é meio chatinho, mas não é coisa do outro mundo. Achei um PDF muito legal com alguma dicas de preenchimento, recomendo a leitura.

Depois de jurar que eu não sou terrorista e que não participei de genocídios, comecei a juntar os documentos necessários para dizer que tenho fortes vínculos com o Brasil e que não quero ser mais um latino sendo caçado por La Migra.

Fiz um check-list simples, mas que me ajudou bastante:
  • Passaporte, claro. Ele não pode estar para vencer em seis meses!
  • DS-160 Confirmation: a confirmação do formulário, é um documento com sua foto e com um texto logo abaixo: THIS IS NOT A VISA, que você imprime logo depois que submete o formulário.
  • Informação do agendamento: documento que você imprime no final do processo de agendamento. Aqui uma dica: IMPRIMA este documento ao final, não se confie no e-mail. Isto porque, no e-mail, há um bug e ele não vai com o código de barras, deixando você inseguro. Aqui em Recife não pediram este papel, mas vai que, né?
  • Comprovante de pagamento do Citibank. Outra dica: quando você vai pagar esta taxa, basta ir com o seu passaporte, ou a cópia simples (não autenticada) do mesmo. Além disso, quando você paga esta taxa, você tem direito a comprar dólares com um certo desconto. Não é muito, mas, de toda forma, é melhor do que a cotação oficial dos bancos.
  • Foto 5x7: além de você fazer o upload da foto para o formulário, é necessário levar uma via dela impressa. Eu tinha uma em papel fotográfico, acho que é melhor levar assim. Na verdade, eu não sei bem pra que eles pedem a foto, já que eles não ficam com a foto, eles te devolvem ao final. Vai entender...
  • Passagem: eu imprimi a via da passagem, para provar que o que coloquei no DS-160 era verdade.
  • Reserva do Hotel: também imprimi. Uma dica: no site Booking.com, há hoteis que reservam sem cobrar antes. Arrumei um deste porque, caso o visto não fosse concedido, eu não precisaria correr atrás do reembolso. Não se aplica às passagens, se o visto não sair, parece que você perde 30% do valor das mesmas.
  • Eu levei minha Certidão de Nascimento.
  • Imposto de Renda.
  • Imposto de Renda da pessoa jurídica: já como sou empresário e sócio de uma empresa, levei o IRPJ da minha empresa pra provar que ela tem movimentação!
  • Contrato Social (mesmo caso acima).
  • Levei dois contratos assinados, com firma reconhecida, entre minha empresa e meus clientes, só pra garantir.
  • Três últimos extratos bancários, IMPRESSOS EM MÁQUINAS DE AUTO-ATENDIMENTO, eles não aceitam impressos pela Internet!
  • Embalagem Sedex: IMPORTANTE, compre a embalagem grande, um pouco maior que uma folha de A4. Comprei uma menor e tive que comprar outra dentro do consulado. Se quiser ir preparado, é melhor levar a embalagem grande logo, pra garantir. Preencha o destinatário e o remetente com suas informações, isto é, você enviando pra si. É assim mesmo, pode confiar.
  • Documento do carro.
 O que não levei, porque não se aplica a mim, mas é bom levar:
  • Certidão de Casamento, se você for casado, claro.
  • Certidão de Nascimento de um filho seu, pra mostrar que você vai, mas volta!
  • Carteira de Trabalho é importante também.
  • Se você for estudante, contrato com a faculdade, comprovante de matrícula, carteira de estudante, etc.
Enfim, chegou o dia.

Leve dinheiro! Isso mesmo, tem que levar dinheiro para pagar as taxas dos Correios lá dentro! Comigo, tudo não chegou a R$ 20,00, mas leve mais, para garantir.

Cheguei meia hora antes e a fila já estava grande. Na verdade, tinham duas filas: uma para os horários de 7h e 7h30 e outra para os horários a partir das 8h. Entrei na primeira fila e uma moça veio conferir os documentos. Ele pediu, logo de cara:
  • DS-160 Confirmation
  • Taxa do Citibank paga
  • Foto impressa
Grampeou tudo e dobrou.

Depois veio um rapaz e checou meu nome na lista. Não pediu a confirmação de agendamento, mas talvez isso não se aplique para todo mundo.

Não pode levar celular, nem desligado! Eles orientam a deixar o celular num posto de gasolina que fica próximo ao consulado, tem um guarda-volumes por lá e é pago. Não sei quanto custa. Pode entrar com a chave do carro.

Primeiro, há um detector de metais e uma esteira igual ao que tem nos aeroportos. Deixa todos os objetos na bandeja para passar no raio-x, você passa no detector de metais e, enfim, entra no consulado.

A primeira fila é rápida, eles dobram o DS-160 Confirmation, com a taxa paga, anexam à foto e pegam seu passaporte. Entregam pra você uma senha numerada e você volta a aguardar, ainda fora da casa, numas cadeiras que ficam no jardim.

Começam a chamar para entrar na casa, você cruza uma porta grande e pesada e eles pedem para sentar. Agora é hora de ter TOTAL paciência.

Uma informação: no dia que fui, os bancos estavam em greve e eles, EM CARATER EXTRAORDINÁRIO PARA O CONSULADO DE RECIFE, recebiam a taxa lá, in loco. Não era o meu caso, eu já tinha pago esta bendita taxa há meses. Mas esta situação fez com que os seguranças, que são brasileiros, muito impacientes e nervosos, ficassem meio inseguros, já que tinham que controlar isto também. Mas não creio que seja a situação típica.

Dentro da casa, há diversos ar-condicionados, eu que não sinto frio fiquei meio desconfortável com a temperatura e o vento do aparelho. As cadeiras são iguais a de consultórios, um pouco desconfortáveis. Não tem televisão, então nada de Ana Maria Braga. Numa tela, fica aparecendo o número da ficha e o box que deve se dirigir.

Outra informação: não tem ordem! Eles não te chamam na ordem de chegada, é completamente aleatório, e isso me deixou bem tenso. Na verdade, aconteceu uma situação bem atípica, acredito.

Depois de duas horas esperando, o vigilante chamou meu número, coisa que ele fazia somente para as fichas não-pagas - não era meu caso. Levantei-me, fui até ele e ele disse para me dirigir ao caixa. Informei que já tinha pago a taxa e mostrei a minha guia. Ele ficou surpreso, mostrou para a funcionária americana, e ela parece que havia se confundido. Conclusão: as coisas não são tão organizadas quanto parecem.

Outra informação: no consulado do Recife há cinco boxes. O primeiro é completamente exposto, fica no meio do saguão mesmo e a entrevista é ouvida por todos que estão por lá. O box 2 é desativado, acho que porque fica perto de uma porta de vidro. Os boxes 3, 4 e 5 ficam um do lado do outro, mas são numa saleta mais para dentro e são separados por baias de granito ou coisa que o valha.

A entrevista é feita em pé e todos os funcionários americanos ficam por trás de um vidro a prova de balas, falando através de um microfone, com uma pequena passagem mais abaixo do vidro para os documentos.

Por ter passado quase três horas por lá, vi dezenas de pessoas seguindo para as entrevistas e outras dezenas chegando. É muita gente mesmo. Muita, bem muita gente. Dentro da sala de espera há um guichê dos Correios, vendendo as guias do Sedex para você preencher, caso esteja despreparado, como eu e a maioria das pessoas que estavam por lá.

O fluxo é simples: sua ficha aparece na tela, junto com o box que você deve ir. Você vai lá, faz a entrevista. Se te concederem o visto, eles te entregam o DS-160 confirmation, e tua foto, pedem pra você ir no Sedex. Você paga uma taxa lá e vai embora. Se negarem seu visto, vão te devolver o passaporte na hora (não sei se te devolvem o DS-160 confirmation junto com sua foto), se você preencheu o Sedex, você passa lá, deixa o recibo e vai embora.

Nas três horas, notei duas pessoas que não receberam o visto e talvez uma terceira, não sei ao certo. A grande maioria consegue o visto. Dizem que a proporção é 95% de vistos concedidos. Eu não fiquei muito animado porque a cada 20 pessoas, uma recebe um soberano NÃO. E tinha muito mais de 20 pessoas naquela sala. E tinha muito mais de 20 pessoas na enorme fila que fica lá fora. Então, não fiquei muito animado.

Quando eu estava bem chateado devido à demora, exatamente às 9h45 (duas horas e quarenta e cinco minutos depois de ter chegado), vi a minha ficha junto com o box que deveria ser atendido! Abaixo o diálogo, começando com o funcionário do consulado:

- Bom dia.
- Bom dia!
- João? João da Silva?
- Não... meu nome é Mário Santana - pensei: fudeu! e mostrei  a minha ficha.

Nessa hora ele parou, olhou pra mim, depois olhou para o meu passaporte que estava com ele, mexeu lá no computador e prosseguiu:

- Ah... Mário, Mário Santana!
- Exatamente! - disse, sorrindo.
- Coloque sua mão esquerda, com seus dedos juntos, para ler as digitais...
(Coloquei)
- Agora coloque sua mão direita...
(Coloquei)
- Agora os dois polegares...
(Coloquei...)
- Chicago, não?
- Exatamente, é meu destino final...
- Hm...
- Você é engenheiro?
- Sim, sou.
- Ok, Mário, seu visto foi concedido, basta passar lá no Sedex.
Devolveu-me o DS-160 Confirmation com minha foto grampeada.
- Ok, obrigado.

(claro que meu nome não é Mário Santana, eu não vou à Chicago nem sou engenheiro, estou usando apenas de licença poética! Mas, tirando o nome que ele errou, o meu nome, minha profissão e meu destino final, foi exatamente assim!).


Quando saí da entrevista, as pessoas me olhavam querendo saber o que foi que aconteceu, mortas de curiosidade. Não dei esse gostinho, minha expressão facial não se moveu e segui para a bancada do Sedex. Paguei o que tinha que ser pago e segui, com meu visto concedido.

Nem toda entrevista é deste jeito, vi entrevistadores perguntando coisas de maneira muito indelicada, meio que duvidando das respostas no formulário. Acho que as coisas correram bem para o meu lado porque preenchi com muita serenidade o formulário, comprei passagens e reservei hotel. Outra coisa que talvez tenha sido positiva é que meu passaporte é do novo, com o chip. Mas isto é apenas especulação, não sei qual é a lógica!

Minhas dicas finais:
  • Organize-se com muita antecedência (quatro ou cinco meses, no mínimo).
  • Compre uma pasta para colocar os documentos (mesmo que não peçam, isso te dará segurança e organização).
  • Marque os primeiros horários do dia, de preferência até 8h30, se possível.
  • Compre passagem, reserve hotel.
  • Pague a taxa assim que puder.
  • Vá com muita paciência.
  • Não fique pensando que é o fim do mundo! Se não te derem o visto, ainda tem o mundo INTEIRO para conhecer.
  •  NÃO MINTA EM NENHUMA INFORMAÇÃO DO FORMULÁRIO OU NA FRENTE DO FUNCIONÁRIO. Não dê uma de esperto.
Notem que não fui com família, esposta, etc. O procedimento é um pouco diferente, a entrevista é feita com todos de uma vez, etc.

Outra informação importante: não sou especialista nisto, basicamente tudo o que eu sei está neste texto, não sou consultor ou facilitador! Portanto, nada de perguntas muito específicas porque eu não vou saber responder!

No mais, boa sorte e boa viagem :)

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