Quando ouvi pela primeira vez Try (Just a Little Bit Harder), do disco I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama!, fiquei impressionado com a moça. Na verdade, não devolvi mais o disco a meu amigo, que tinha me emprestado. Furtei mesmo: perdeu, playboy. O disco é todo bom, daqueles impecáveis.
Ao assistir a Watchmen, fui presenteado por uma das melhores trilhas sonoras já feitas: Bob Dylan, Billie Holiday, Jimmie Hendrix e Janis Joplin. A música: Me And Bobby McGee. E que música!
Quando Sardaukar postou sobre os 1001 Discos…, o melhor post ever de cabeção, dentre eles havia o Pearl, de Janis Joplin. Naturalmente baixei e esta música estava lá também.
Sempre achei a interpretação desta música algo fora do normal, insólito. A naturalidade que Joplin dá à música faz parecer que é pra qualquer uma. Será? Foi o que fui atrás. Primeiramente, encontrei um video no YouTube de Pink cantando a música, voz e violão. Não gosto dela, mas decidi ouvir. Mostra-se uma certa competência, é verdade, porém ela canta com dificuldade, e o pior: tentando imitar Janis Joplin. Abacaxi pra ela. E pro cara do violão também, errar é feio.
E quanto à Jill Sikorski? Quem? Pois é, também nunca tinha ouvido falar, e a mocinha tentou. E falhou miseravelmente. Com eco topado na mesa de som, com um akg-414-like, e com a base em violão já toda gravada (e gravada errada também), ficou uma miérda. E, ao final, colocaram um delay e foi que ficou muito ruim mesmo. E no finalzinho, bem no finalzinho, um flanger? Sefudê. Não, eca. Pra quem quiser conferir o lixão, clica aqui e se arrepende.
Chega de ouvir covers, vamos ao original! A música é de Kris Kristofferson, um cantor folk-pragarái, naturalmente americano. Não, ele não é homossexual, Bobby, no caso, era uma gaja que ele conheceu. E deve ter sido uma mulher da porra mesmo, mas não vamos ao caso. A interpretação dele da própria música é bem legal, folk total, mas original e bem distante da versão de Joplin. Pra quem quiser conferir, vale a pena ouvir aqui.
Acontece que, além da versão natural e adaptada por Joplin, que parecia cantar com um copo de gin numa mão e com um cigarro na outra, o arranjo da música é uma delícia. Com o violão folk botando pra moer, junto com pequenos riffs de guitarra cá e acolá, pianinho fazendo arranjos discretos, órgão the-door-style suave por trás e uma base baixo-bateria competente, discreta e típica dos 70’s, a música simplesmente é perfeita. Sim, perfeita, completa. E ao final, na parte instrumental, chega-se a seguinte conclusão: impossível repetir, impossível fazer qualquer coisa parecida com isso novamente. Um retrato de uma época, com instrumentos com timbres que não fabricam mais e com músicos com ácidos que não se consomem mais. Enfim, um espetáculo. Tem que ouvir, mesmo que você goste de rebolation. Tem que ouvir, mesmo que você curta apenas música dodecafônicas. Tem que ouvir, mesmo que você seja surdo. Baixe o disco.
Curiosidade: Joplin faleceu de overdose após alguns dias de ter gravado esta música. Inclusive, neste disco Pearl, tem uma música (Buried Alive In The Blues) somente instrumental, pois ela não havia gravado os vocais ainda.
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