A Alemanha é um país estranho. Mesmo antes da II Guerra era um país estranho (tire pelos capacetes que usavam na primeira). Depois da II Guerra, após dupla humilhação em menos de 50 anos, ficaram mais estranhos ainda. A culpa (ou responsabilidade histórica – whatever…) que carregam, junto com o estigma de povo malvado, fez com que muitos assuntos realmente os incomodassem.
Deve ser foda jogar Call of Duty na Alemanha, imagine você metralhando seu avô, seu tio-avô ou até mesmo seu bisavô? Deve ser superfoda também assistir a Indiana Jones e a Última Cruzada. Imagine assistir, dublado em alemão, no cinema, a Dr. Strangelove? Há! Hilário, hilário… eu sei. Mas desde A Queda, a turma vem mexendo nesta ferida, e muita gente tem se doído. Pura frescura. É o que A Onda (Die Welle) tenta fazer, e consegue parcialmente. Leia mais!
Resumeta: um professor de uma escola é encarregado de dar aula sobre autocracia para adolescentes. Por ser um professor muderno, ao invés de dar aula expositiva, opta por uma dinâmica (wtf?), simulando em sala de aula um regime autocrático. A coisa toma peso e os nazistinhas alunos se empolgam demais com a história e começam a aloprar.
A partir daqui, spoilers!
Depois de apresentar as personagens, o filme parece dar um motivo para os pobrezinhos entrarem na onda fascista do professor. Niilistas, drogados, sem paixões políticas ou ideológicas, sozinhos, vivendo sob a tutela de pais ultraliberais (ou porra-locas, como preferir)… Já viu, né? Pareceu que o argumento do diretor, neste momento, foi que a sociedade vive num pêndulo: quando o nó está apertado, o novo é afrouxar. Quando está folgado, a tendência é apertar. Será?
Não sei, e o filme continua. Achei o bate boca na sala de aula interessante, principalmente quando se falou do nacionalismo em época de Copa e do trauma que esse povo tem disso. Com toda razão, não é mesmo?
O professor apresentou uma solução para o vazio, para os medos, para a solidão, para o bullying. Apresentou para as pessoas erradas, esquecendo da fragilidade emocional dos mancebos e, irresponsavelmente, não tendo nenhum receio do passado.
O que ele fez é igual ao que se faz nas fraternidades das faculdades americanas ou nas torcidas organizadas nos estádios brasileiros. Sendo que na Alemanha isso tem que acabar em tragédia. Sempre.
Algumas recomendações:
A Vida dos Outros (Sarda já comentou sobre esse filme aqui!).
Créditos:
A imagem de Alemão (ou do Polaco), personagem dos Trapalhões, capturei deste vídeo do Youtube.
A imagem de Hitler com cabelo black power, modifiquei e editei deste imperdível artigo da Desciclopédia.
Bicho, não sei se você já assistiu a um filme chamado "a experiência"... alemão também...
ResponderExcluirBaixa ou pega na locadora!
Aí você vai sacar mais ainda esta questão da culpa alemã! Aliás, vou fazer um post sobre este filme, e sobre uma "experiência" que tive uma vez com uma alemã!
p.s.: NÃO É AQUELE FILME COM A GOSTOSA DA NATASHA HENSTRIDGE!
Blza, vou locar, sim!
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