23.2.10

O Evangelho do Coiote!

Procurando um artigo sobre o David Bohm para usar em um negócio que estou escrevendo (não para este blog!), eis que o google me dá um link que eu duvidava que ainda estivesse ativo.

Seis anos depois, me pego revendo um antigo post, de um antigo site, de um antigo amigo, que resolveu se embrenhar na selva amazônica e viver à base de ayahuasca e "amor com a natureza", pusta doido.

O importante é: o tempo passa e "O Evangelho do Coiote" continua sendo uma das histórias em quadrinhos mais espetaculares de todos os tempos. Por isto, em homenagem ao meu amigo desaparecido e aos 20 anos de publicação da história no Brasil, republico aqui, sem qualquer permissão, o post citado, com o link para as páginas scanneadas, que está funcionando ATÉ HOJE, sei lá como!!!


O ano era 1990, o “BOOM” dos quadrinhos no Brasil estava no auge. Centenas de publicações saíam todos os meses.


A Abril trabalhava a mil para suprir a demanda, tanto nas “revistas de linha” (mensais) quanto em matéria de Graphic-Novels, Minisséries, Especiais... Destaque para a recém-lançada “Monstro do Pântano”, ainda em formatinho, com roteiros de Alan Moore e arte de John Tottleben, Rich Veitch e dezenas de outros...


Enquanto isso, a Editora Globo também tirava sua casquinha, “Sandman” estava começando a decolar, atraindo fãs que até hoje choram o seu cancelamento, o que só se deu anos depois. Neil Gaiman, com este título mensal da Vertigo, adquiriu o prestígio que lhe garante até hoje vendas excelentes, como no recente “Sandman: Noites Sem Fim”.


Foi o tempo de “Moonshadow”, a maravilhosa fábula ilustrada de JM DeMatteis e Jon J. Muth. Foi o tempo de “Skreemer”, o thriller com entremeios joyceanos de sangue e crueldade de Peter Milligan, Brett Ewins & Steve Dillon. Foi o tempo de “Gavião Negro”, a fantástica minissérie que reconstruiu um dos mais importantes personagens da DC Comics, de Timothy Truman.


Entre tanta qualidade, algumas pérolas acabavam escondidas nas revistas mensais. Uma das maiores foi, sem sombra alguma de dúvida, a contribuição que Grant Morisson deu em “Animal Man”.


Hoje é comum as “desconstruções” de personagens famosos dos quadrinhos, “reinvenções”, processos com raízes nos anos 70, mas que nos anos 80 ganhou suas principais contribuições: Alan Moore ("Watchmen") e Frank Miller ("Cavaleiro das Trevas").


Mas Morisson resolveu partir para outro lado. Ao invés colocar mais “realismo” nas histórias, como praticamente todos estavam fazendo, ele pegou um personagem completamente obscuro, por vezes idiota, e fez com ele viagens inesquecíveis dentro da metalinguagem que os quadrinhos proporcionam.


Com histórias que vagavam entre a ordem implícita de David Bohm e o campo morfogenético de Rupert Sheldrake, entre a patrulha terrorista dos ambientalistas e a vidinha doméstica de um super-herói, nada era sagrado para o autor, nada era intocável, tudo cabia nas histórias: desde macacos escrevendo Shakespeare até raposas que se comunicam através de sinais de laternas!!!


Pessoalmente, creio que a história que resolvi trazer aqui seja a melhor já feita por ele em uma revista mensal. É claro que o arco final de histórias do Homem-Animal, o qual saiu no Brasil na extinta DC2000, é mais interessante, mais complexo, só que são várias histórias interligadas, não apenas uma só, curtinha, como esta abaixo.


Para os que se interessarem, creio que vale mesmo a pena ralar em sebos e afins atrás das antigas DC2000, com o Homem-Animal na fase do Morrison. Recentemente, vi que estão, aos poucos, republicando, em formato grande, algumas das primeiras histórias. Torço bastante que publiquem até o final, pois, para mim, quando Morisson deixou a revista, fez a declaração de carinho por um personagem mais singela que já vi nos quadrinhos.


Mas isto é, literalmente, uma outra história.


Por enquanto, para quem tiver vontade, aí está “O Evangelho do Coiote”. As jpg´s estão realmente grandes, tentei diminuí-las mas o resultado visual não ficou muito bom. Bem, em tempos de banda larga, espero que não seja nenhum sacrifício de outro mundo.


Por hoje é só, p-p-p-pessoal!

p.s.: Saudades, Brainiac, você era um cara muito bacana!

p.p.s.: Aproveitando, posto também uma segunda história do Morrison de uma edição com o Homem Animal, também de responsabilidade do ido Brainiac: O Demônio e o Mar Pronfundo !

2 comentários:

  1. Li esse na época da primeira postagem. Homem Animal sempre deixava me deixava perplexo no meio dos chavões que eram os herois da DC na decada de 80.

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  2. Muito bom! Tb tenho saudades dessa época.

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