Fazia tempo que não assistia a um filme tão doente e cruel. Não não, não estou falando de cenas gores, também não me refiro aquelas doenças japonesas: é pior (até certo ponto). É pior porque é disfarçado de uma história tenra de amor infantil vampiresca, mas é fruto de uma mente degenerada e, sem dúvida, doente.
Deixe ela entrar (Låt den Rätte Komma In ou Let the Right One In, 2008) é um filme perverso, o qual o terror convencional é deixado em segundo plano para algo muito mais perturbador. Só não ver quem não quer – e talvez é melhor não ver.
A propósito: gostei muito do filme. Mais detalhes, claro, depois do break, porém cheio, deste vez recheado de spoilers. Não Leia Mais caso ainda não tenha assistido ao filme.
Soube que é baseado num livro, mas não quero saber do livro, quero saber do filme. Partindo desta premissa, vamos às doenças:
- A vampira, na verdade, é um vampiro castrado. Primeiro porque aquilo não é uma vagina, é um órgão sexual masculino castrado. Tanto é que o menino se assusta não por ser donzelo, mas por achar aquilo estranho. Prova disto é que, logo depois, à noite, o miserável Oskar vai até o quarto da mãe dele. Parece que ele quer ver o órgão sexual da mãe dele para comparar com da amiguinha, mas não tem coragem (thanks God!). Mais provas: the dammed beast diz, em vários momentos do filme, que não é uma menina. Não, não é porque ela é um vampiro, é porque ele é um menino cujo nome, também ambíguo, é Eli;
- A vampira menina, na verdade, é um vampiro adulto. Isso mesmo, o caldo começou a entornar. Quando ela diz que tem 12 anos mais ou menos, claro que ela está dizendo que tem muito mais. Provavelmente o maldito tem centenas de anos! E como ele imitou a voz do pobre miserável Oskar, e por que não imitaria a voz de uma menina de 12 anos? E quando a coisa está se esbaldando em sangue alheio, vira uma pessoa velha, de cabelos grandes. Isto é, tem sujeira grande aí!
- A besta bebedora de sangue gosta de garotinhos. Agora vem a análise psicopobre: ele gosta de garotinhos porque, em algum momento da vida dele, foi abusado e castrado. O vampiro escolheu muito bem o pobre garoto, que na verdade parece uma garotinha afeminada (sério!) que parece ser masoquista (sick motherfucker, isso fica claro na cena que está sendo chicoteado pelos colegas e na última cena, a da piscina, além da cena do pacto de sangue). E o pai do cara? Homossexual! O guri não tinha ninguém no mundo, sofrendo pressão pesada no colégio, com pais separados, o pai homossexual… Presa fácil.
- O velho que anda com ela no início do filme não é o pai dela. Muito provavelmente é um servo cooptado. Vê-se claramente que o cara não é pai da “garota” pela subserviência, pelo ciúme que tem quando Eli se relaciona com o menino e, logo após, quando ele é acariciado pelas mãos dela(e). No filme ele se vê desajeitado, fisicamente debilitado, não conseguindo mais saciar a sua amada amiguinha com sangue fresco. Sangue fresco de GAROTOS JOVENS (vide item 3). Então, entrega a vida à adorada criatura e se suicida. Não morre na mordida, vai morrer bem depois de cair no chão. E esse é o futuro exato de Oskar: vai passar o resto da vida com sua amiguinha, servindo-a, protegendo-a, saciando-a, etc-a., até não servir mais e Eli ter que arrumar outro garotinho carente e indefeso.
Dirty movie, indeed. Mas muito, muitíssimo bem bolado. Nada na cara, toneladas de entrelinhas e uma perversidade incrível. Primeiro que achei muito estranho o erotismo dado à Eli: tirando a roupa e dormindo “nua” na cama de Oskar. Andando somente de camisa. Depois com uma camisa de mangas compridas e calcinha. Depois só de toalha na casa do menino e se trocando de porta aberta. Isso ficou muito estranho no filme inteiro, mas isso era sinal evidente – e bastante pertubador – que aquilo ali não era uma criança, era um demônio que, ao final, ganhou de lambuja a brand new slave.
Tecnicamente falando, o diretor foi muito feliz na escolha do elenco e nos sutis, mas muito interessantes, efeitos especiais. Confesso que nada me assustou ou me meteu medo, já que esse lance de vampiro não engrena comigo, apesar de ser muito frouxo para filmes de terror, vide Os Outros, Sexto Sentido, O Bebê de Rosemary, dentre outros. Algumas cenas se destacam, como o primeiro ataque, o corpo da mulher infectada atacada pelos gatos e em chamas (que poderia ser cogitado como um caso de autocombustão) e, claro e lógico, a linda sequência da piscina (fantástica!).
As cenas de horror são amenas em comparação à perversidade do enredo. E é um filme bom exatamente por isto. O filme, depois de uma difícil digestão, acaba deixando um gosto ruim, uma sensação incômoda. E vale muito a pena assistí-lo, tanto é que entra na lista dos blu-rays os quais vou comprar.
Quero em breve ver aqui a crítica e o link pro release deste:
ResponderExcluirhttp://oglobo.globo.com/blogs/cinema/#264586
Boa indicação, Kastor. Valeu!
ResponderExcluirVou escrever algo sobre este filme também, pois gostei pacas.
ResponderExcluirEli realmente é um garoto; ele se chama Elias. E tem 500 anos. Mas estes fatos só ficam claro no livro, onde a relação homossexual é mais explorada.
ResponderExcluirPara mim, intimamente, que só vi o filme, é uma menina! :)
ResponderExcluirPor favor, a minha homofobia se assanhou toda agora hahaehea...
Menina? Humpf.
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